No dia em que comemora 349 anos, Florianópolis é sede do 1º Festival Hawaii de Surf Feminino, que reúne mulheres desde a organização, passando pelo júri e atletas. São 60 surfistas de diferentes regiões do Brasil que participam, desde as 8h desta quarta-feira (23), do campeonato na Lomba do Sabão, na Praia do Campeche, região Sul da cidade. 

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De acordo com a diretora da Associação de Surf do Campeche (ASC), Laura Terra, a iniciativa tem como objetivo incentivar a prática do esporte por mulheres e reforçar a importância do respeito dentro do água. 

— O intuito é trazer mais fortalecimento pro surf feminino, mais visibilidade e respeito, porque mesmo sendo um dos esportes que premeia igualmente homens e mulheres, ainda existe uma desigualdade e desrespeito no mar e precisamos ocupar esse espaço. A ideia é justamente trazer mais visibilidade e mais respeito pra modalidade, juntar a mulherada e confraternizar o mês da mulher que é tão importante e oportuno pra realização desse evento inédito aqui — conta. 

O morador do Campeche João Victor Saraiva acompanhava a competição e destacou a importância do esporte na vida das crianças — meninas a partir dos seis anos também estavam na água disputando as melhores ondas:

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— Eu tô sempre por aqui, venho em dia de semana e vejo sempre a criançada com as pranchas brincando na água, acho que o esporte é vida e um incentivo grande demais pra elas.

Primeira edição do evento reúne cerca de 60 atletas
Primeira edição do evento reúne cerca de 60 atletas – (Foto: Tiago Ghizoni)
Primeira edição do evento reúne cerca de 60 atletas
Primeira edição do evento reúne cerca de 60 atletas – (Foto: Tiago Ghizoni)
Primeira edição do evento reúne cerca de 60 atletas
Primeira edição do evento reúne cerca de 60 atletas – (Foto: Tiago Ghizoni)
Primeira edição do evento reúne cerca de 60 atletas
Primeira edição do evento reúne cerca de 60 atletas – (Foto: Tiago Ghizoni)
Primeira edição do evento reúne cerca de 60 atletas
Primeira edição do evento reúne cerca de 60 atletas – (Foto: Tiago Ghizoni)

Surf e conexão

Para as competidoras que estão no festival, o surf proporciona conexão e surgimento de novas amizades. De Navegantes, Litoral Norte de Santa Catarina, Maria Eduarda Custódio e Jéssica de Souza Vieira se conheceram por causa da competição e contam sobre a experiência de fazer parte do festival. As duas participam de baterias na tarde desta quarta. 

— Coração tá nervoso, acelerado, a gente não tá acostumada com o mar aqui do Campeche, então é algo bem novo e as ondas daqui são mais cavadas. Eu tô iniciando [no esporte], então vai ser uma experiência nova e um desafio também. A gente veio com a intenção de se divertir, conhecer o lugar e compartilhar essa vibe gostosa do surf — disse Jéssica.

— É uma oportunidade de conhecer as outras meninas que praticam o surf. Eu já participei de um campeonato para iniciantes na Praia do Gravatá, em Navegantes, e percebo que esses eventos nos dão a chance de ganharmos nosso espaço aos poucos —complementou Maria Eduarda. 

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Reforçando a mensagem da diretora da ASC, as competidoras lembram que o respeito entre homens e mulheres deve estar presente também no esporte. 

— Nós mulheres sofremos muito no mar, porque os homens não têm aquele respeito que deveriam ter, então eventos como esse festival servem pra mostrar que lá dentro a gente também tem que ter respeito, se a gente tiver respeito vai ser uma coisa muito legal e muito bacana de participar — destacou. 

Pensando no desafio de entrar no mar, Jéssica, que está no esporte há um ano e meio, incentiva aquelas que desejam mergulhar na primeira onda:

— Eu morria de medo de entrar no mar, sempre achei o surf lindo, mas os primeiros meses foram desafiadores. Quando a água tava no joelho batia o desespero e eu já chorava, mas a vontade de aprender falou mais alto e agora estamos aqui. 

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— Cada dia aprendemos um pouquinho mais, primeiro passamos o medo de estar lá dentro, depois o medo de pegar onda, depois o de ir mais fundo. Cada etapa vai passando e a gente vai respeitando mais o mar e vendo que a gente consegue superar todos esses medos — complementou. 

Jéssica de Souza Vieira
Jéssica de Souza Vieira – (Foto: Tiago Ghizoni)
Maria Eduarda Custódio
Maria Eduarda Custódio – (Foto: Tiago Ghizoni)

Juradas e categorias 

A competição é realizada nas modalidades: Pranchinha, Bodyboard, LongBoard e Surf adaptado. Dentro das modalidades ainda existem categorias: Open, Surf School, Old School e Surf Kids.

Entre o time de arbitragem está a manezinha Marina Rezende, tricampeã estadual, vice brasileira e nono lugar no mundial júnior de 2013. A jovem de 26 anos fala sobre o frio na barriga de sair da posição de competidora, para ser jurada:

— Eu fiquei muito emocionada de receber o convite pra ser juíza, sempre tô do outro lado da moeda, na água, sendo julgada, então dessa vez poder estar na cadeirinha julgando, acho que vai ser uma experiência bem legal. Eu queria tá na água (risos), mas na areia não tem aquele nervosismo, aquele friozinho na barriga.

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A surfista profissional também menciona a importância da conexão entre mulheres e do apoio entre elas em uma competição feminina. 

— Pra mulheres no geral, esse é um evento importante por ser mais confortável na hora do aprendizado e da evolução. Quando ficam mulheres juntas, eu sinto que fica mais confortável, mais gostoso, sem aquela disputa ou aquele negócio de que a gente precisa mostrar que podemos estar ali na água, fica um conjunto onde estamos prontas pra compartilhar o momento — disse.

O time de arbitragem conta ainda com Jacqueline Silva, bi campeã mundial WQS e vice-campeã mundial WCT. 

Próxima etapa

O 1º Festival Hawaii de Surf Feminino terá uma segunda edição, marcada para outubro. Para a surfista, e agora jurada, Marina, a expectativa é marcar presença novamente:

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— A princípio, se eu estiver por aqui e não estiver participando de nenhum campeonato, com certeza vou estar presente.

Próxima etapa do festival será em Outubro, pelo mês do Outubro Rosa
Próxima etapa do festival será em Outubro, pelo mês do Outubro Rosa (Foto: Tiago Ghizoni)

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