O que é um palhaço senão um olhar exacerbado para dentro de nós mesmos, da nossa mais imperfeita e pura humanidade? Desfrute o riso, mas não se deixe enganar: há sempre uma lágrima furtiva escorrendo por baixo da maquiagem. Sentimentos conflitantes e complementares, tal qual a vida, tal qual a arte, motivo máximo do 1º Encontro de Palhaços, que começa hoje e vai até domingo em Joinville. Quinze grupos e artistas solo de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais ocuparão o galpão da Ajote e espaços públicos com seus narizes vermelhos e a carga de um legado artístico que, pela vias do humor, ativa emoções só reconhecidas por quem abraça o ridículo do cotidiano.
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A mostra vem coroar uma “onda de palhaçaria” na cidade, percebida de três anos para cá. Uma das responsáveis por ela é Bia Alvarez, criadora da palhaça Everline Flore e produtora de vários workshops do gênero ao lado de Karla Concá, do grupo carioca As Marias da Graça, também presente no evento. Para ela, palhaças e palhaços representam a subversão pelo riso e pela aceitação do ridículo de cada um. Um totem de oposição à sociedade competitiva, em que não há espaço para o erro e o fracasso.
– Somos humanos, frágeis e limitados. Fracassamos, erramos e somos essencialmente colaborativos, diferentemente do que prega o socialmente vigente. Desta forma, a palhaçaria resgata a verdade humana, a possibilidade de errar, de ser ridículo, a transitoriedade de estados e emoções, a necessidade de amar e ser amado, que é inerente a cada um de nós – conceitua Bia, cujo “clique” para esta arte foi dado em 2009, numa apresentação do grupo Doutores da Alegria (RJ) na Ajote.
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Cassio Correa, ator da Essaé Cia. Teatral, uma das organizadoras do encontro, reconhece a influência de Bia na disseminação da palhaçaria em Joinville, bem como na realização do encontro – na raça, sem verba pública, por conta de cada coletivo. Nasceu, também, da necessidade dos fazedores de palhaçaria se encontrarem para trocar experiências, se divertir e se apoiar mutuamente. Afinal, nem sempre o gênero recebe o devido respeito.
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– Talvez, dentro das artes cênicas, o palhaço seja visto como algo menor. A comédia de uma forma geral, e o palhaço, mais ainda. Talvez porque ele seja algo indefinido. Mas se você quiser saber o que ele é, é alguém a serviço do riso – explica Lia Motta, da Cia. Palhaça sem Lona (RS).
Atriz há dez anos e dedicada há sete em ser palhaça, Bia conta que, ao enveredar pelo teatro, buscou algo que a aproximasse das pessoas. Descobriu na palhaçaria uma comunicação sem barreiras, lúdica, que permite ao público se identificar com a figura em cena e ativar seu lado infantil.
– Quando assistia a espetáculos de palhaço, percebia a reação da plateia, de riso e de choro, e de uma forma bem aberta, que se mostra em todo o seu ridículo e fragilidade – relembra.
– Tem a ver com a natureza da criança, que nota tudo, absorve tudo, que quer tudo e faz tudo com muito prazer – completa.
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Leonardo Waltrick já atuava como palhaço quando, em 2012, ele e a esposa passaram a integrar o projeto voluntário Hospirrisos – Agentes da Alegria para atuar no Hospital Dona Helena. Deu tão certo que logo criaram um grupo teatral focado na linguagem do palhaço. Aliás, a Cia. Cheios da Graça está no programa do encontro joinvilense com o primeiro teatro playback na arte clown no mundo. O fato foi confirmado em outubro, no 1º Encontro de Teatro Playback de Joinville, pela americana Jo Salas, criadora dessa corrente cênica.
Para Leo, ser palhaço é muito menos colocar fantasia e utilizar técnicas específicas do que exercer um autoconhecimento contínuo para o desenvolvimento de um olhar poético, humano e com graça em relação a si e ao outro.
– Ele é o arquétipo do anti-herói, é o ser humano ampliado ao extremo, que celebra e expõe sinceramente, por meio da graça, todas as suas emoções e fraquezas. Mas, acima de tudo, é um eterno ser brincante – conclui.
Programação
Quinta-feira, dia 21
Cortejo de Palhaças e Palhaços
Das 10 às 13 horas. Concentração na praça da Bandeira.
Amor de Palhaço (Circo Lúdico, de Joinville)
A palhaça Merreca sonhava em ser uma grande bailarina, mas, por ser desastrada, arrancava mais risadas do que aplausos do público. Tudo muda ao encontrar Pirulito, que lhe mostra, por meio da arte do circo, a acreditar em si.
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Ao meio-dia, no Mercado Público.
Ingressos: contribuição espontânea ao chapéu.
Um Show (Meroacidente! Palhaçaria, de Joinville)
O casal Everline e Kaulin, na tentativa de apresentar um grande show, leva ao público um número com gags clássicas de palhaçaria, desencadeando o riso mais espontâneo.
17 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Ingressos: venda antecipada a R$ 20 (inteira) ou R$ 10 (meia-entrada) pelo site www.enjoyevents.com.br, ou no local, uma hora antes da apresentação, a R$ 25 (inteira) e 12,50 (meia-entrada).
Vô me Escondê Aqui (Drica Santos, de Florianópolis)
Chove torrencialmente, e Curalina Fosfosol precisa se esconder. Ela decide entrar em um recinto e dá de cara com o público. Enquanto a chuva não passa, ela compartilha suas emoções e se satisfaz com o prazer de contar histórias.
Às 18h30, no galpão de teatro da Ajote.
Ingressos: venda antecipada a R$ 20 (inteira) ou R$ 10 (meia-entrada) pelo site www.enjoyevents.com.br, ou no local, uma hora antes da apresentação, a R$ 25 (inteira) e 12,50 (meia-entrada).
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Clown Playback: sua História de um Jeito Diferente (Cia. Cheios de Graça, de Joinville)
A apresentação da Cia. Cheios de Graça é baseada na técnica de teatro playback. Os sentimentos e histórias compartilhados pela plateia são transformados em cenas improvisadas, com o olhar lúdico, poético e alegre dos atores-palhaços.
20 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Ingressos: venda antecipada a R$ 20 (inteira) ou R$ 10 (meia-entrada) pelo site www.enjoyevents.com.br, ou no local, uma hora antes da apresentação, a R$ 25 (inteira) e 12,50 (meia-entrada).
Sexta-feira, dia 22
Senhor Palhaço Apresenta (Alexandre Hryhorczuk, do Rio de Janeiro)
Formado por números circenses, o espetáculo mistura elementos de malabarismo, equilibrismo e palhaçaria ao trabalho do ator carioca.
Às 16 horas, na praça Nereu Ramos.
Ingressos: contribuição espontânea ao chapéu.
Só uma Palhaça Só (Meroacidente! Palhaçaria, de Joinville)
Baseada na experiência cotidiana da atriz Bia Alvarez. Inspirada no mundo contemporâneo, a peça se passa na sala da casa da palhaça Everline Flore, onde tenta solucionar definitivamente sua inadequação diante do mundo.
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19 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Ingressos: venda antecipada a R$ 20 (inteira) ou R$ 10 (meia-entrada) pelo site www.enjoyevents.com.br, ou no local, uma hora antes da apresentação, a R$ 25 (inteira) e 12,50 (meia-entrada).
Marcadas pela Culpa (As Marias da Graça, do Rio de Janeiro)
O novo número cômico do grupo carioca aborda as questões femininas, apresentando três gerações da mesma família: avó, mãe e filha. Movidas pela culpa e carência, elas discutem na mesa de jantar, num clima dramalhão, com altas doses de humor e questionamentos.
Às 20 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Ingressos: venda antecipada a R$ 20 (inteira) ou R$ 10 (meia-entrada) pelo site www.enjoyevents.com.br, ou no local, uma hora antes da apresentação, a R$ 25 (inteira) e 12,50 (meia-entrada).
*Ao comprar ingressos para os outros dois espetáculos da noite, a entrada para o número Marcadas pela Culpa é gratuita.
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Tenha Dó (Tenha Dó Trio, de Florianópolis)
Depois de anos de ensaio, a dupla Flor e Lynfa Collapso e o músico Boró vão apresentar seu primeiro espetáculo: Tenha Dó – Pocket Show. Para a estreia, prepararam um repertório especial, com clássicos da infância. Tudo seria perfeito se os três não fossem palhaços.
Às 21 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Ingressos: venda antecipada a R$ 20 (inteira) ou R$ 10 (meia-entrada) pelo site www.enjoyevents.com.br, ou no local, uma hora antes da apresentação, a R$ 25 (inteira) e 12,50 (meia-entrada).
Sábado, dia 23
Roda de conversa sobre palhaçaria no Brasil
Às 9 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Entrada franca.
Demonstração de processo – espetáculo Palhastê (Charles Augusto, de Itajaí)
O palhaço Pacacoenco, interpretado pelo artista Charles Augusto, vê na vida de guru uma oportunidade de entrar em relação com o público. Assim, ele passa a ensinar a filosofia de encontro consigo mesmo e com o outro.
Das 10h30 às 11h30, no galpão de teatro da Ajote.
Entrada franca.
O Enigma do Amarelo (Grupo Gats, de Jaraguá do Sul)
A peça é baseada numa história popular na qual o Amarelo é o filho doente e pálido de uma pobre viúva. Eles vivem em um reino onde existe um rei, um palácio e uma jovem princesa famosa por sua astúcia em resolver qualquer charada.
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Às 15 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Ingressos: venda antecipada a R$ 20 (inteira) ou R$ 10 (meia-entrada) pelo site www.enjoyevents.com.br, ou no local, uma hora antes da apresentação, a R$ 25 (inteira) e 12,50 (meia-entrada).
Bem-te-vida Marmota (Cia. Palhaça sem Lona, de Porto Alegre)
A palhaça Marmota aporta em um novo lugar, acompanhada de seu fiel companheiro Tuntum. Juntos, eles buscam um local especial onde Tuntum possa ganhar sua liberdade. Diante da separação anunciada, Marmota revive memórias e busca na relação com o público a força que precisa para cumprir sua missão.
Às 16 horas, no jardim do Museu de Arte de Joinville.
Ingressos: contribuição espontânea ao chapéu.
Circo Mané (Circuls Fever, de Florianópolis)
Inspirada na lenda das bruxas perdidas e contos populares que retratam a cultural açoriana de Florianópolis, a peça se passa em uma noite de lua cheia. Um humilde pescador puxa sua rede acreditando estar lotada de peixes e, surpreendentemente, descobre ter fisgado uma bruxa debochada.
Às 19 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Entrada franca.
Malas, Chuvas e Cores (Cia. Avenida Lamparina, de Jaraguá do Sul)
Rouse e Poulain: duas palhaças, duas camas, um espaço, muitas malas e uma viagem em comum. Poulain se preparou para a viagem dos sonhos, mas esqueceu como se sonha. Rouse nunca esquece como se sonha, mas não sabe preparar os sonhos. O que elas não esperavam era encontrar uma a outra.
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Às 21 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Ingressos: venda antecipada a R$ 20 (inteira) ou R$ 10 (meia-entrada) pelo site www.enjoyevents.com.br, ou no local, uma hora antes da apresentação, a R$ 25 (inteira) e 12,50 (meia-entrada).
Domingo, dia 24
O Circo de Sombrinha e Alípio (Circo S/A, de Curitiba)
Alípio e Sombrinha representam um pequeno circo no qual o virtuosismo cede lugar a brincadeiras com malabaristas, domadores e mágico.
Às 15 horas, no Parque da Cidade.
Ingressos: contribuição livre ao chapéu.
Estapafúrdio (Itajaí)
O palhaço Pacacoenco, na companhia da amiga Jaguaruna, desbrava o interior da geografia mundial e do coração humano. As estradas são percorridas a pedaladas e, na bagagem, o palhaço leva seus truques, sua casa e seu amor.
Às 18 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Ingressos: venda antecipada a R$ 20 (inteira) ou R$ 10 (meia-entrada) pelo site www.enjoyevents.com.br, ou no local, uma hora antes da apresentação, a R$ 25 (inteira) e 12,50 (meia-entrada).
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Os Doutores da Saúde (Grupo Gats, de Jaraguá do Sul)
Uma dupla de artistas do Grupo Gats fará uma intervenção no foyer do galpão de teatro da Ajote por meio de jogos de interação com o público.
Às 18h45, no foyer do galpão de teatro da Ajote.
Entrada franca.
Cabaré Cômico
O cabaré é um espaço para o encontro, a diversidade e a experimentação de variados pequenos números, costurados com muito humor e improviso. Um espetáculo no qual palhaças e palhaços de diversos lugares, culturas e estilos se reúnem para se divertir e encantar o público com o melhor do fazer artístico de cada um.
Às 20 horas, no galpão de teatro da Ajote.
Ingressos: venda antecipada a R$ 20 (inteira) ou R$ 10 (meia-entrada) pelo site www.enjoyevents.com.br, ou no local, uma hora antes da apresentação, a R$ 25 (inteira) e 12,50 (meia-entrada).