O morador planta a mandioca lá onde a rua que sobe o morro entres as casa de arquitetura luso-brasileira do bairro de Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis, termina. Cuida da plantação durante dois anos até o momento da colheita. Com o carro de boi carregado, desce lentamente a viela. A mandioca será descascada, lavada, sevada, peneirada e torrada até ficar seca como farinha. A tradição criada pelos açorianos que colonizaram a Ilha de Santa Catarina no final do século XVII e moldou um traços mais tradicionais da cultura catarinense será celebrada neste fim de semana na 18ª Farinhada do Divino.

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A farinhada ocorre no Casarão e Engenho dos Andrade, que desde 1860 serve como engenho de mandioca e cana-de-açúcar. Do local, já saiu farinha que alimentou a família real e as tropas nacionais durante a Guerra do Paraguai. Época em que a Ilha de Santa Catarina tinha até 360 engenhos em operação, segundo Claudio Andrade, presidente da associação de artesãos de Santo Antônio de Lisboa e integrante da oitava geração da tradicional família Andrade.

– Esse é um dos últimos engenhos de farinha e de cana remanescentes do Ciclo da Farinha. Com toda essa tradição local, conseguimos produzir uma das farinhas mais finas do Brasil, seguindo um método criado pelos primeiros açorianos – conta Andrade.

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Os açorianos que chegaram na região da Ilha de Santa Catarina logo conheceram, com os índios locais, a mandioca. Em seguida, adaptaram os projetos de engenhos de moer trigo para moer a raiz branca e desenvolver a farinha de mandioca. Por todo esse respaldo histórico, a comunidade local mandou proposta para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para incluir a farinha de mandioca polvilhada como um patrimônio nacional.

– Nosso papel é manter essa cultura nas atuais gerações. Mesmo que o tempo passe é importante conhecer a história de seu povo. Tudo que hoje sabemos e aprendemos como estilo de vida veio com quem viveu aqui, inclusive essa consciência de preservação das raízes – ressalta Andrade.

18ª Farinhada do Divino

Sábado – 22 de agosto

Lançamento oficial da festa.

20h – Início da 18ª Farinhada do Divino.

20h15 – Novena do Divino Espírito Santo rezada em latim.

21h30 – Show da banda Cruzzy.

Serviço de bar e gastronomia típica de engenho com: pirão com linguiça e feijão, frutos do mar, escondidinho, tudo acompanhado de farinha.

Domingo – 23 de agosto

11h – Continuação da Farinhada do Divino. Almoço de Engenho com: peixe ensopado, galinha ensopada, peixe frito, pirão com linguiça.

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15h – 4º Concurso de forneiro (chefes dos restaurantes locais irão analisar a melhor farinha e apontar o melhor forneiro).

Local: Centro Cultural Engenho dos Andrade

Endereço: Rua Caminho dos Açores, 1180 (Santo Antônio de Lisboa)

Informações: (48) 3235-2572 e engenhoandrade@gmail.com