Quando foi criado, em 1962, o 13º salário – que tem o nome oficial de Gratificação Natalina – tinha como objetivo melhorar as festas de final de ano dos trabalhadores, garantindo um momento especial para as famílias. Mais de 56 anos depois, não está proibido manter o mesmo princípio, mas especialistas recomendam uma avaliação atenta do orçamento. Se há dívidas em atraso ou por chegar em breve e o salário do mês não dá conta, estas devem ser as prioridades para o 13º.
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– Claro que as dívidas em atraso devem ser o primeiro destino do 13º salário. Do contrário, aumentarão ainda mais com os juros. Mas muita gente acha que, se não há conta atrasada, não precisa se preocupar. Por isso, é preciso olhar meses adiante. Dívidas em atraso podem estar a caminho – alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Quem pensar bem verá que as contas não dão trégua. Logo após a euforia de Natal e Ano-Novo, IPTU e IPVA, por exemplo, batem à porta. Sem contar os gastos chamados “sociais”, que quase ninguém considera, mas que sempre pesam: amigo-secreto no trabalho, na faculdade, presentes para familiares e aquele final de semana na praia. Quem não tiver as contas em dia poderá acabar apelando para um empréstimo.
– Se possível, guardar parte do valor é interessante. Até porque temos uma troca de governo pela frente. Não temos indicação de que vá piorar a economia, mas sempre é bom ter cautela – lembra Marcela.
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Se sobrar, invista
A recomendação é de que, antes de definir o destino do dinheiro, as famílias façam um diagnóstico da situação financeira. A condição das contas domésticas — se em atraso, em dia com ou sem folga no salário — deve determinar o uso mais sábio do 13º. E se for possível usar o dinheiro em algo além de quitar pendências, a indicação da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – Proteste é pensar em algo realmente importante.
— Se meu sonho é fazer uma viagem, o ideal é ter disciplina e não usar o dinheiro que entrou agora para comprar roupas, por exemplo. É focar os esforços para alcançar os objetivos, mesmo que sejam de longo prazo, e investir o dinheiro para concretizar algo que, realmente, trará felicidade — explica a técnica e representante da Proteste Verônica Dutt-Ross.
E quando se fala em investimento, saber o que quer e quando é fundamental. Verônica acredita que, se o consumidor precisa de liquidez (dinheiro disponível para qualquer hora), parte do que se tem deve ir para aplicações de saque rápido. Nesse caso, a Poupança segue como uma opção pela facilidade de depósito e simplicidade de retirada – ideal para ser uma reserva a imprevistos domésticos, como a quebra do telhado. Mas é uma opção indicada para períodos curtos de investimento. Para prazos mais esticados, Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Tesouro Direto Selic surgem como alternativas seguras.
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— O ideal é conseguir economizar, mensalmente, pelo menos 10% do salário. Recebeu o salário, investe pelo menos 10% para o futuro e então vai pagar a conta de luz, o aluguel, etc. Então, se o 13º está sem um destino importante, como zerar dívidas, investir todo ele é uma ótima decisão — orienta o CEO da Warren Investimentos, Tito Gusmão.