Na 9ª edição, o Festival de Dança já tinha “aparado as arestas” e atingia o profissionalismo total. Começava com o rigor na seleção, que já fazia as avaliações prévias das companhias novas em vídeos e só permitia que retornassem os grupos que ganhassem nota superior a sete na edição anterior – do contrário, a companhia teria que esperar mais um ano para se inscrever novamente. Tudo isso para que o nível dos trabalhos apresentados evoluísse.

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Além disso, o Ginásio Ivan Rodrigues passou por uma reforma para melhorar o conforto do público e aumentar a capacidade para dois mil lugares, além da construção de camarotes.

Todas as noites competitivas ganharam um espetáculo de abertura com companhias profi ssionais remuneradas. Assim, dançaram naquele ano os bailarinos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro Ana Botafogo, Cecília Kerche, Marcelo Misailidis e Nora Esteves.

Como o número de bailarinos cresceu muito em comparação ao ano anterior, quando o Plano Collor quase cancelou o festival, a organização decidiu aumentar o número de dias do evento, que passou de nove para 12, para que as apresentações não continuassem madrugada adentro.

Com todos esses cuidados, a imprensa nacional se interessou muito mais pelo evento, a ponto de o Festival de Dança de Joinville ganhar chamadas ao vivo nos jornais da Rede Globo, com reportagens da jornalista catarinense Sônia Bridi.

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As lições na hora de fazer as malas

No festival de 1991, uma das “meninas de ouro” não veio para dançar, mas distribuiu autógrafos. Era Micaela Góes, que aos 16 anos estreava como atriz na novela “A História de Ana Raio e Zé Trovão” e a equipe passava pela região para gravar.

Bailarina da companhia Eliana Karin, ela começou a participar do festival em 1984, aos nove anos, e já na primeira vez ganhou o primeiro lugar na categoria grupo e a companhia ganhou o primeiro troféu transitório, prêmio máximo do evento. Nos anos seguintes, acumulou oito prêmios de primeiro lugar e aprendeu, muito cedo, a ser independente.

– Cada bailarina tinha que cuidar das suas coisas, do seu dinheiro. O festival dá essa vivência de profi ssional ao estudante e foi muito importante para a formação da minha independência – conta ela.

Foi com o que aprendeu no festival que ela conseguiu passar os meses da gravação da novela viajando pelo sul do Brasil e que hoje refl ete na vida dela: tanta organização para o festival a tornaram uma pessoa com tanta experiência no assunto que Micaela agora apresenta o programa “Santa Ajuda”, no canal a cabo GNT, no qual dá dicas para organizar a casa.

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Você sabia?

Um espetáculo de constrangimento ocorreu nos recéminaugurados camarotes. A professora de dança Toshie Kobayashi, de São Paulo, chegou com uma jornalista e, no escuro, expulsou uma mulher dizendo:

– A senhora entende de dança?

Não sabia ela que essa mulher era Lílian Gomes, mulher do prefeito Luiz Gomes, que levantou e não aceitou nenhum outro lugar: permaneceu em pé até o fi m da noite.

A bailarina Cecília Kerche teve que costurar renda preta e vermelha em um tutu extra porque seu partner, Francisco Timbó, resolveu trocar o programa na última hora: eles dançariam “Cisne Negro”, mas Timbó trouxe apenas o figurino de “D. Quixote”.