O Dia Mundial de Conscientização sobre o Transtorno Bipolar é celebrado em 30 de março. A data evidencia a necessidade de desmistificar o que é, de fato, bipolaridade. Essa é uma condição psiquiátrica que causa mudanças extremas no humor, alternando entre episódios de mania, caracterizados por euforia e pensamento acelerado, e episódios de depressão, que incluem sentimentos de tristeza profunda e falta de energia.
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Fatores genéticos, biológicos e ambientais desempenham um papel importante no desenvolvimento do transtorno bipolar. Além disso, o tratamento geralmente envolve uma combinação de medicamentos estabilizadores de humor e terapia para ajudar os pacientes a gerenciarem os sintomas.
Abaixo, a psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em comportamento humano e saúde mental, lista 10 fatos sobre o transtorno bipolar que todo mundo precisa saber. Veja!
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1. Ação da bipolaridade no cérebro
O transtorno bipolar é uma doença em que algumas áreas do cérebro, como córtex pré-frontal, amígdala, hipocampo, sistema límbico, entre outros, acabam por modular o humor, o impulso, o pensamento e a movimentação. Tais áreas sofrem desregulação, levando a mudanças no comportamento dos pacientes acometidos pela condição.
2. Não é um traço de personalidade
A bipolaridade não possui nenhuma relação com a personalidade ou o caráter do indivíduo. Isso porque é uma desregulação neuroquímica com bases genéticas.
3. Pode ser confundido com outros transtornos mentais
O transtorno bipolar tipo I (forma clássica que alterna períodos de mania com depressões ou eutimia) é rara, atinge em torno de 1% na população, ao passo que casos do transtorno bipolar tipo II (forma em que predominam depressões e curtos períodos de fase de mania) são bem mais comuns, em torno de 5 a 8%. Em contrapartida, os pacientes com a doença tipo II sofrem com uma média de 10 anos de erro diagnóstico, sendo tratados como depressão clássica com sucessivos tratamentos que podem, inclusive, agravar a condição.
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4. Variação de sentimentos
Uma minoria rara de portadores de transtorno bipolar alterna períodos de tristeza (depressão) com períodos de mania na qual há sensação de felicidade extrema e desproporcional (euforia). A maioria dos pacientes alterna períodos de depressão com períodos de mania caracterizando irritabilidade, podendo ter mais impulsividade, irritabilidade e agressividade.
5. Intensidade das crises de humor
Existem várias intensidades de alteração de humor, desde as mais fortes — que levam o indivíduo a ser internado no hospital (neste caso, pode haver até mesmo alterações de senso de percepção: o indivíduo pode ter psicoses maiores e exposição a riscos, hipersexualidade etc.) — até as bem sutis, em que a pessoa e até seus familiares muitas vezes acreditam ser da personalidade, dada a cronicidade com a qual ocorrem (hipomanias).
6. Diferentes formas de apresentação
Existem formas variadas de apresentação de transtorno bipolar — desde aquelas em que há períodos ou fases marcadas de mudanças de comportamento até aquelas sutis, em que os comportamentos alterados ocorrem por longos períodos, como meses ou anos. É muito importante um bom profissional para distinguir se é um transtorno afetivo bipolar ou transtorno de personalidade borderline, afinal não é incomum a confusão entre esses dois diagnósticos.
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7. Sentimento predominante da bipolaridade é a depressão
Um indivíduo com transtorno bipolar apresenta cerca de 3 vezes mais depressões do que fases de ativação (mania/hipomania). Ou seja, se refere a uma doença depressiva. Qualquer pessoa com mais de 3 episódios de depressão precisa ser investigada para bipolaridade, porque até entre os psiquiatras ainda só se diagnostica transtorno bipolar se o paciente teve um período de mania (tipo 1 da doença). Nesse sentido, há muito desconhecimento sobre formas mais sutis de bipolaridade.
8. É uma das principais causas de suicídio
A principal causa de suicídios é a depressão do transtorno bipolar (tipo 1 ou 2). Logo, tentativas de suicídio recorrentes aumentam a chance de o diagnóstico correto ser algum tipo de transtorno bipolar — e não depressão clássica.
9. Interação com outras comorbidades
Quanto mais comorbidades ou outras doenças psiquiátricas (ansiedade, déficit de atenção, uso de drogas, transtornos alimentares, entre outras), maior a chance de o diagnóstico correto se referir à bipolaridade.
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10. Intensidade dos sintomas
Quanto mais ocorrer falta de resposta ao tratamento ou piora da depressão, das ideias de suicídio, das automutilações, da insônia, da ansiedade/pânico ou da irritabilidade com o uso de antidepressivos, maior a chance de o indivíduo ser bipolar, não depressivo.
Por Mayra Barreto Cinel