Estamos em pleno Setembro Amarelo, em campanha para dizer não ao suicídio. Escolha a vida e nunca a morte
As palavras são de Dom Francisco Carlos Bach, bispo diocesano de Joinville e independentemente de religião, crença, credo ou filosofia de vida, elas expressam a valorização da vida como um dom precioso e nos convida a refletir neste 10 de setembro, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, o quanto cada pessoa é importante e como cada um de nós pode ajudar ao próximo.
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Os transtornos de humor, que incluem depressão ou bipolaridade, o abuso de álcool e drogas, e quadros de esquizofrenia requerem atenção especial, porque são considerados os maiores desencadeadores de tentativas e suicídios – são mais de 800 mil casos por ano no mundo. Por isso, olhar para o próximo e perceber nele características que, em conjunto, podem dar sinais de que esta pessoa precisa de ajuda pode ser o primeiro passo para um suporte a quem necessita. Estar aberto a dialogar e a oferecer apoio também faz toda a diferença.
Sem distinção de origem, classe social, idade, orientação sexual e outros fatores, o Ministério da Saúde estima que 32 pessoas tiram a própria vida por dia no Brasil. Em contrapartida, a Organização Mundial da Saúde aponta que nove em cada dez mortes por suicídio poderiam ser evitadas. Para Akadenilques de Oliveira Martins de Souza Kudla, gerente de Serviços Especiais de Joinville, é extremamente possível reintegrar à sociedade as pessoas que passam por um momento de dificuldade emocional, por meio de um esforço coletivo que envolve a família, os serviços de saúde e o próprio paciente.
Em Joinville isso acontece com a formação de uma rede de apoio que vai da atenção primária, nos postos de saúde, até o atendimento especializado com psiquiatras e psicólogos. Atualmente, existe uma média mensal de atendimento inicial de 140 novos pacientes em cada uma das unidades do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) instalados no município, de todas as idades e com diferentes demandas. Uma equipe multidisciplinar formada por terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros estão aptos a avaliar e dar o suporte tanto para os usuários do sistema quanto para os familiares, em busca de reabilitação e reinclusão social desses indivíduos.
Onde encontrar ajuda para a saúde mental em Joinville
— A gente sabe que os problemas em saúde mental estão aumentando cada vez mais, a sociedade está mais exigente, então isso gera estresse, depressões, ansiedades, e todos esses distúrbios contribuem para que esse paciente fique desestabilizado. Em Joinville temos uma rede de atenção psicossocial fortalecida, então a partir do momento que ele inicia o atendimento, seja individual ou em grupo, ele vai se estabilizando, e quando estável está pronto novamente para ser inserido na sociedade — explica Akadenilques.
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Ainda segundo ela, mesmo após reabilitação no CAPs, o paciente permanece assistido pela atenção primária do município e o número de pessoas que conquistam alta é significativo. como retorno há o agradecimento, em diversas formas.
— Temos pacientes reincidentes no CAPs, por exemplo, que antes apresentavam fragilidade em reinserção na sociedade, e hoje já demonstram tranquilidade e motivação. Alguns cantam, dançam, abraçam e dizem que gostam de estar ali. Outros se expressam e levam bolos para confraternizar, fazem bilhetes para agradecer. Tanto eles quanto os familiares entendem que, quando existe adesão nos serviços, a reabilitação é possível. E isso é valioso para quem ajuda e é fundamental para quem depende de apoio — conclui a gerente de Serviços Especiais de Joinville.
FIQUE DE OLHO NOS SINAIS
Como identificar sintomas que, combinados, podem ser indícios de depressão e de comportamentos suicidas
CRIANÇAS
. Choro fácil
. Pensamento negativo preponderante
. Lapsos de memória
. Pensamentos catastróficos
. Baixa autoestima
. Disfunção alimentar
. Desregulação do sono
. Dificuldades de interação
ADOLESCENTES
. Mentiras e infrações compensatórias
. Ausência nas aulas
. Provocação aos professores e outras figuras de autoridades
. Baixo limiar a frustração
. Dificuldades para ouvir não
. Automutilação
. Colocar-se em situações de risco constantemente
. Isolamento
. Mudança abrupta de comportamento
ADULTOS
. Sentir-se triste, durante a maior parte do dia, quase todos os dias
. Perder o prazer ou o interesse em atividades rotineiras
. Irritabilidade
. Desesperança
. Queda da libido
. Disfunção alimentar e do sono (perda ou aumento de peso)
. Sensação de cansaço e fraqueza o tempo todo
. Baixa autoestima
. Ansiedade excessiva
. Dificuldade de concentração, de tomar decisões e de memória
. Pensamentos frequentes de morte e suicídio
FATORES DE RISCO
. Transtornos de humor (depressão; bipolaridade)
. Abuso de álcool e drogas
. Esquizofrenia
. Traumas emocionais
ATITUDES PROTETORAS
. Limitar o uso da tecnologia
. Praticar atividade física
. Promover adequação de rotinas
. Estimular a interação social
SAIBA O QUE FAZER PARA AJUDAR
. Ouça o pedido de ajuda com atenção e respeito
. Tenha empatia em entender os sentimentos da pessoa
. Demonstre preocupação e dê suporte emocional
. Evite perguntas indiscretas
. Converse com familiares e amigos
. Dê abertura para que a pessoa se sinta confortável em desabafar
. Ajude a pessoa a procurar atendimento especializado
FONTES: Manual para Profissionais da Saúde em Atenção Primária, da Organização Mundial de Saúde (OMS); secretarias da Saúde de Joinville e de Jaraguá do Sul; Hospital Infantil de Joinville; Ministério da Saúde.
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