Não sei onde vocês estavam há 10 anos, mas eu – e a maioria dos teenagers viciadinhos em internet – tentava entrar no Orkut. Lembro direitinho de quando as colegas do colégio começaram a comentar do tal “site de amigos” que o irmão mais velho entrou graças a um convite especial. E não descansamos até que uma delas conseguiu passar daquela home azul que nos desafiava já na entrada com um “quem você conhece?”.
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E, na real, a gente não conhecia quase ninguém nos primeiros meses. Que é mais ou menos o que aconteceria se entrássemos hoje no perfil da rede social quase abandonada pela maioria dos usuários (insira aqui um gif de Mark Zuckerberg comemorando a vitória de seu Facebook), já que a sua página deve estar repleta de semi-conhecidos que você não vê há anos. De 40 milhões nos tempos áureos, hoje são seis milhões de orkuteiros que sobrevivem em meio ao mar de spams. Mas sim, eles existem – e estão por aí comentando em fóruns de futebol e anime, como a ZH conta aqui.
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Mas, se você é da turma que cometeu orkuticídio e já ficou com uma pontinha de saudade do tempo em que as redes sociais não estavam lotadas de fotos de pôr-do-sol, comida e debates sobre a relevância do Big Brother, relembre por que o Orkut era tão adorado na década passada.
– Só add com scrap
Depois da febre em que todo mundo adicionava todo mundo, alguém teve a brilhante ideia de que era fundamental deixar um recado antes de solicitar a amizade – e, claro, a frase se alastrou pelos perfis. Ok, você pode dizer que é questão de educação se identificar antes de convidar outra pessoa pra fazer parte de seu círculo de amigos (quem não adotou esse termo para a vida depois do Orkut?), mas o scrap geralmente era só para fazer volume no scrapbook, temos que admitir. Não lembra desses termos? Vamos ao próximo tópico.
– Scrapbook
Depois de 15 minutos rodando pela sala enquanto ouvia os adorados chiados que anunciavam que você havia conseguido conectar a internet discada, era hora de abrir o navegador e entrar na home azul cheia de ilustres desconhecidos. Vai dizer que a primeira coisa a fazer não era clicar nos recados? Nunca mandamos tantas mensagens de “bom final de semana” para as amigas quanto naquela época. Mais um motivo para sentir falta do Orkut: por lá, a gente espalhava recadinhos simpáticos e desejando boas energias, não é? Quero lembrar que hoje é uma sexta-feira de verão e o que mais deve ter na sua timeline do Face são pessoas desejando que o expediente acabe logo e reclamando do calor. Lembra de alguém fazendo birra sobre as condições meteorológicas no Orkut? Eu também não.
– A dominação e a decadência dos stalkers
Quando todo mundo estava acostumado a visitar todos os perfis possíveis e saber até das férias em Salvador daquela ex-colega da pré-escola, eis que a equipe do Orkut Büyükkökten, o gênio de nome cheio de tremas e consoantes que criou a rede, acabou com a nossa alegria. Ou não. Um belo dia, você acorda e resolve dar aquela checada básica na página. Mas aí vem a surpresa: uma nova funcionalidade que permite saber quem foram os últimos usuários que bisbilhotaram seu perfil e a emoção de ver que o novo affair estava de olho nas suas fotos novas. E aí você lembra que na noite anterior entrou, como quem não nada, na página do ex. Ah, pois é… Não foi fácil para ninguém.
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– Saudades, sorte do dia!
Sim, depois de mostrar que você fez um tour pelo perfil de todos os amigos bonitões do irmão mais velho, o senhor Orkut tinha de nos presentear com algo realmente bom. E assim nasceu a Sorte do Dia, que te sugeria concluir tarefas inacabadas ou aqueles mantras de vida como “o vício de hoje é a virtude de amanhã”. Mas nem tudo eram flores. Lembram de quando começaram a aparecer mensagens meio mal-humoradas? Sim, e o próprio Orkut avisava que a tal “pessoa que lê a sorte” tirou férias. Nenhum biscoito para você hoje.
– Depoimentos sinceros – e outros nem tanto assim
Quem não lembra (e, vamos confessar, também usou) a frase clássica: “o que falar dessa pessoa que conheço há tão pouco tempo, mas já é tão importante para mim?”. Sim, o Orkut provavelmente incentivou a época em que amizades pareciam se consolidar mais rápido, já que em duas semanas o colega novo já estava brigando pelo topo dos seus depoimentos. E quando alguém mandava aquele bafão pelos testimonials? Bastava um clique errado e lá estava a fofoca da semana para todo mundo ver. Quem nunca, não é?