Era uma vez um menino autista, de oito anos. Vamos chamá-lo de Lucas. Na escola, apresentava um comportamento diferente, como conta a professora Lourdes Castro, que recebeu a tarefa de cuidar do menino. Logo no seu primeiro dia de aula, ela foi alertada de que Lucas gostava de fugir para a biblioteca da escola, quase não permanecendo na sala de aula. Curiosa, deixou que ele fosse e o seguiu. Assim que a viu, Lucas escondeu algo, colocando as mãos para trás. Com jeito, a professora pediu para ver o que era, e o garoto, muito animado, contou:
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_ Prof, este é o meu livro preferido.
Então, ele abriu o livro sobre os 10 anos do Museu de Zoologia Professora Morgana Cirimbelli Gaidzinski, da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), e começou a contar para a educadora sobre o fantástico mundo dos dinossauros. “Ele ensinou muito sobre o assunto”, conta Lourdes.
As fugas para a biblioteca continuaram. Só que agora a professora o acompanhava. Mergulhavam juntos no universo pré-histórico e na vida dos dinossauros. A notícia do amor de Lucas pelo livro da biblioteca se espalhou, chegando ao Museu da Unesc, que logo enviou um exemplar ao menino. Deste dia em diante, a vida do menino autista mudou. Lourdes notou melhoras no humor, nos estudos e até na alimentação. “Na hora da comida, por exemplo, sempre foi difícil de ele fazer ele se alimentar. Então, entrávamos naquele universo e nos transformávamos em dinossauros. Em uma das vezes eu fui o T-Rex, para ele comer brócolis. Então, ele me olhou e disse: Mas prof, ele é carnívoro e não herbívoro”, lembra Lourdes, que conseguiu estabelecer um vínculo profundo com o garoto.
Além de novos hábitos, o livro também proporcionou novas amizades ao menino. No recreio das aulas, os colegas se aproximam para ver as figuras e trocar informações com Lucas, tornando a vida dele mais interativa e alegre. Parabéns a esta educadora, que teve sensibilidade para entender que a criança autista tem suas particularidades, mas que é possível estabelecer laços, criar vínculos afetivos e contribuir na educação delas, desde que haja vontade de fazer a diferença na vida destes alunos. Quem dera todos fossem assim.
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