João perdeu o emprego. Foi demitido em março deste ano, assim como vários colegas de trabalho. A justificativa, a mesma de sempre: enxugamento devido à crise, o que levou a um “reposicionamento da empresa no mercado”. Milhões de brasileiros passaram pela mesma situação nos últimos anos. A princípio João não ficou tão preocupado, porque é um profissional preparado. Tem vários cursos na área em que atua, fala três línguas, têm excelentes referências e experiência comprovada. Com o passar dos meses, porém, foi ficando mais assustado. Depois de várias entrevistas de emprego, continua sem nada fixo, trabalhando como consultor esporadicamente. Enquanto isso, as dívidas se avolumam.

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Há poucos dias recebeu uma proposta de emprego. O problema é o salário: quase metade do que ganhava na última empresa. Ele pediu um tempo para pensar, e está pesando os prós e os contras. Vale mais a pena continuar tentando um emprego com um salário mais atraente ou aceitar este, onde terá uma renda menor mas pelo menos o suficiente para pagar as contas? Esta é uma dúvida comum a muitas pessoas, que passam por situações semelhantes. De acordo com especialistas da Thomas Case & Associados, consultoria que atua na gestão de carreiras e RH, esse é um comportamento de mercado diretamente relacionado à crise econômica e ao nível de desemprego no país, que está na casa dos 12,9 milhões de pessoas, segundo o IBGE.

O desequilíbrio entre vagas disponíveis e o número de candidatos no mercado acontece pelo cenário econômico ruim. Quando o número de candidatos cresce, como agora, as ofertas de salário e benefícios diminuem. Antes de aceitar uma vaga com um salário menor, dizem os consultores, o candidato deve fazer uma avaliação criteriosa da empresa que está oferecendo a vaga. É importante investigar se a companhia é bem estruturada. Às vezes, vale a pena entrar com um salário inicial baixo, porque existe a possibilidade de investimento no profissional no futuro. Além disso, pode ser mais fácil encontrar uma colocação melhor quando se está inserido de alguma forma no mercado, mesmo ganhando um salário menor. Assim, essa pode ser uma estratégia importante. O candidato deve saber, entretanto, qual é o mínimo que pode aceitar para se doar à empresa. As possibilidades dependerão principalmente do planejamento financeiro do profissional que está sem colocação.

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