Quem são as crianças transgênero? Como lidar com os casos na família e na comunidade? Este tema, tão atual e que provoca tantas dúvidas em todos, será um dos assuntos abordados na XVII Jornada Sul-Brasileira de Psiquiatria, que inicia hoje e prossegue até sábado na Associação Catarinense de Medicina (ACM), em Florianópolis. Mais de 50 profissionais da saúde ministrarão palestras, simpósios e cursos abordando diversos temas relacionados à psiquiatria, com foco especial em dois públicos bem distintos: as crianças e os idosos.
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A psiquiatra e educadora sexual Alessandra Diehl, que atua em São Paulo, vai apresentar a palestra sobre crianças transgêneros, amanhã. Segundo ela, a identidade sexual das pessoas geralmente começa a aparecer entre os 2 e 3 anos de idade. A transexualidade (sentir-se pertencendo a um gênero diferente do sexo biológico) não é um fenómeno novo, uma vez que esta condição existe desde um passado distante, em diversas culturas. No entanto, os cuidados com os indivíduos transexuais é que parecem ser ainda incipientes em muitos lugares do mundo, e também aqui no Brasil. “Precisamos estar mais preparados para desconstruir conceitos errôneos, desmistificar ideologias, diminuir preconceitos e debates popularescos, sem dados científicos. É preciso, também, tratar com mais humanidade as crianças trans”, opina a médica.
Aos cuidados com as crianças trans, certamente somam-se muitos outros desafios, os quais irão influenciar desde a identificação até o subsequente manejo e abordagem por parte de pais, educadores, profissionais da saúde e da comunidade em geral. “Observamos que existe uma imensa lacuna tanto na literatura científica quanto na prática clínica sobre como lidar com as pessoas transgêneras”, diz a médica. O que fazer? Como ajudar? “A invisibilidade das crianças trans ainda é imensa. Precisamos mudar este cenário e estarmos mais preparados para recebê-las, pois,sim, elas existem”, ressalta a especialista.
Outros assuntos que estarão em pauta na jornada estão relacionados à psiquiatria na escola, como os desafios dos atendimentos multidisciplinares nos casos de bullying, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e autismo, no caso das crianças e adolescentes. Já com relação aos idosos, serão debatidos temas ligados à psicogeriatria e o envelhecimento da população, além de depressão e demência na terceira idade. A saúde mental da mulher, a tocofobia (fobia de parto) e depressão pós-parto; as compulsões (alimentar, dependência química e de sexo), a insônia e as comorbidades psiquiátricas e os grupos de risco e intervenção médica no suicídio também serão temas de palestras e oficinas. As inscrições podem ser feitas no site www.eventos.acp.med.br/
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