Estava em casa, sexta-feira início da noite, quando comecei a ouvir sirenes. Não conseguia distinguir se vinham de carros de polícia ou de ambulância, mas ficavam cada vez mais fortes e insistentes. Era alguma coisa muito perto. Fiquei preocupada e comecei a procurar por notícias sobre o bairro nas redes sociais. Será acidente?

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Como há bem poucos dias uma senhora foi assaltada e baleada ao entrar no seu carro – isso às 10 horas da manhã, ao sair de uma lavanderia aqui na esquina – eu já estava traumatizada com a violência que não para de crescer aqui no bairro. Moro em Coqueiros, em Florianópolis, um local que outrora fora um dos cartões postais de Florianópolis, devido principalmente à sua linda orla. Hoje, abriga a “orla gastronômica” que mais cresce na cidade. Mas que, infelizmente, está se tornando um alvo dos bandidos.

Pois bem. Não demorou muito para a Folha de Coqueiros, tradicional jornal do bairro, noticiar nas redes sociais o que tinha acontecido.

A nota dizia: “Faleceu agora à noite o aposentado Darci Motta, 83 anos, completados faz dois dias. Seu Darci, como era conhecido em Coqueiros, foi atropelado por um Celta preto, conduzido por uma motorista. O atropelamento aconteceu às 20h15 na faixa de pedestre, em frente ao Sancler Lanches, na Avenida Engenheiro Max de Souza. A motorista fugiu do local e não prestou socorro à vítima. Pessoa querida por todos, seu Darci morava há mais de 50 anos na esquina da Rua José do Valle Pereira com Avenida Engenheiro Max de Souza. Ele havia saído de casa para comprar cachorro-quente para lanchar com a esposa Eunice”.

Meu Deus, quanta tristeza nesta nota. Seu Darci não era meu amigo, embora eu o visse sempre caminhando pelo bairro e conversando com todos os vizinhos. Eu não conseguia nem imaginar a dor da Dona Eunice, que deve ser idosa também, ao saber que seu companheiro foi colhido por uma motorista imprudente enquanto atravessava a faixa de segurança para ir comprar um lanche do outro lado da rua, a poucos metros de casa. Saiu por 10 minutos de casa e nunca mais voltaria.

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Como processar isso? Pior ainda é tentar imaginar o que faz a pessoa que causou o acidente a fugir do local, sem prestar socorro. Medo? Além de imprudente, covarde.

Não sei se a polícia já descobriu a autora do crime. Sim, é crime sim não parar na faixa de pedestre, agravado pelo fato de fugir do local depois. Mas provavelmente nada acontecerá com ela, e Seu Darci entrará como mais uma vítima nas estatísticas de mortes no trânsito.

Depois de 83 anos de vida, ele será um número. Menos para Dona Eunice, seus familiares e amigos, que lembrarão para sempre desta tragédia, que poderia muito bem ter sido evitada, bastava que fossem respeitadas as leis de trânsito.

Na esperança de que fatos como este não se repitam, a comunidade realiza hoje uma manifestação, pedindo lombadas e mais segurança no trânsito do bairro.

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