Paulinho terminou o terceiro ano do ensino básico. A professora chamou os pais, disse que o menino deve ter algum problema, porque não consegue se concentrar nas atividades do dia a dia. É dispersivo, embora não chegue a incomodar os colegas. Mas está sempre muito aéreo. Os pais ficaram preocupados, porque durante todo o ano letivo nunca os chamaram na escola para falar sobre isso. Será que a professora só notou agora que há algo errado? A sugestão dela aos pais foi a de que procurassem um especialista, pois a criança apresenta alguns sinais de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, conhecido como TDAH.
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A maioria das crianças com TDAH apresenta dificuldades na aprendizagem. A capacidade intelectual pode ser normal, ou até mesmo alta, mas sua dificuldade de atenção, concentração e a incessante inquietude motora não favorece sua aprendizagem. O comportamento é muitas vezes imprevisível e inapropriado para sua idade. É comum, na escola, ser chamado à direção por sua inquietude. Se distrai com facilidade. Muitas vezes é inoportuno quando está em grupo e gosta de chamar a atenção.
A psicóloga, Livia Vieira, especialista no assunto, explica as diferenças entre TDAH e Dislexia: Este último transtorno é um distúrbio de aprendizagem na leitura, dificuldade em ler e compreender as palavras. Os disléxicos têm um quociente intelectual normal, ou acima do normal, e possuem consciência de suas dificuldades. “Como ambos os indivíduos apresentam dificuldades, tanto as crianças disléxicas quanto as com TDAH apresentam baixa autoestima e problemas de ajustamento na escola e de relacionamento com os colegas. Ambos têm perturbações no âmbito emocional, além de ansiedade exacerbada", diz.
Livia ressalta, porém, que existe tratamento adequado para quem tem TDAH. Estas crianças precisam de acompanhamento com psiquiatra, psicólogo e fonoaudiólogo. Alguns também precisam do apoio de psicopedagogos. Os medicamentos mais usados no controle do TDAH são os estimulantes do sistema nervoso central e antidepressivos", esclarece a especialista. Além disso, ela explica que brincadeiras lúdicas que estimulam os indivíduos a vencerem suas dificuldades e a buscarem estratégias de superação podem ser muito úteis. Quebra-cabeça, jogo da memória, caça-palavras, encontre os erros, entre outros jogos que estimulem a coordenação, a atenção, a fantasia são muito estimulantes para crianças com TDAH. As brincadeiras em grupo e várias modalidades de esportes, como a natação, também podem colaborar no tratamento.
O papel dos pais nesse processo é essencial para as crianças. Segundo a especialista, eles precisam agir em solidariedade com a equipe multidisciplinar e professores. "Precisam ouvir e disciplinar seus filhos, precisam sentar e brincar com eles, entender e ajudar seus filhos na superação diária, estimular os avanços, elogiar cada avanço, trabalhar para aumentar a autoestima do filho, encorajá-lo a se superar, demonstrar confiança e fazer com que o filho confie mais em si mesmo”, finaliza a psicóloga.
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