Conversava com uma amiga mais velha, que está na casa dos 70 anos, e ela me disse que, embora sejam tradição os almoços de domingo em família, já não vê muita graça nestes encontros, pois todos estão muito mais preocupados em usar seus smartphones do que em conversar com os parentes. “Sinto-me como se estivesse falando sozinha”, queixou-se ela, que também tem um celular e gosta de participar de redes sociais, mas que dispensa esta tecnologia toda quando tem companhia para conversas “ao vivo e a cores”.
Continua depois da publicidade
Este ano a ceia de Natal será na casa dela. Vai receber os quatro filhos, as noras e netos. Fica irritada por antecipação só de imaginar a cena: cada um digitando em seu celular, concentrado em seu próprio mundo, e ela sobrando e se sentindo solitária, mesmo no meio de tanta gente. Como reverter esta situação e fazer com que a ceia em família tenha realmente a participação de todos? Uma boa ideia vem do palestrante e articulista Paulo Eduardo Akiyama, especialista em Direito de Família. Ele diz:
“Que tal no próximo almoço em família todos, ao ingressarem no local onde a refeição será servida, depositarem seus smartphones em uma caixa destinada a isto e somente retirar os aparelhos no momento de ir embora? Que tal participar da experiência de se reunir em volta de uma mesa sem estarem providos dos celulares e experimentarem a sensação de conversarem de verdade com os seus parentes e amigos? Todos irão sentir um estado de abstinência, mas que será suprido por uma sensação especial: convívio familiar e amor. Certamente seus avós ou tios vão sentir que estão recebendo atenção, que aqueles ali sentados são seres humanos e não robôs usando tecnologia”.
Muita gente, ao ler esta sugestão, deve estar pensando que isso é besteira e exagero. Realmente, não tem nada de mal dar uma olhada no celular de vez em quando, mesmo que estejamos na companhia de outras pessoas. O problema é que muitos não sabem dosar, e simplesmente se esquecem do resto do mundo quando estão com seus smartphones na mão. Aí, é horrível mesmo. Já desisti de sair com alguns amigos por causa disso. Mais fácil de interagir com eles digitando no celular, infelizmente.
Contei para minha amiga que vai receber a família para a ceia de Natal esta proposta do Akiyama de criar uma caixa para depositar os celulares durante a festa. Ela adorou a ideia, e pretende colocá-la em prática no dia 24. Só não vai falar nada para ninguém antes, pois tem receio de que alguns membros da sua família inventem uma desculpa para faltar ao jantar, com medo da crise de abstinência da tecnologia.
Continua depois da publicidade