Os seis são irmãos, e migraram ainda muito jovens de Chapecó para Florianópolis, nos anos 1990. Além de terem o mesmo sangue, Moacir, 42 anos; Volmir, 40; Ivanir, 37; Sarajane, 35; Tânia, 29; e Fabiana, 22 anos, têm outras duas particularidades em comum: todos são coletores de materiais recicláveis, e os seis frequentam juntos as aulas do EJA – Educação de Jovens, Adultos e Idosos, oferecidas pela Secretaria de Educação do município.

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Eles estão matriculados no Polo EJA Recicladores. “A nossa vida é bem corrida. A gente levanta bem cedo para a lida”, conta Volmir, que é o presidente da Associação de Coletores de Materiais Recicláveis de Florianópolis (ACMR). Ele, os irmãos e os demais trabalhadores da associação tinham dificuldade para ir a escola. Então, a prefeitura decidiu ministrar as aulas no próprio espaço de trabalho da turma, que funciona em galpão anexo ao Centro de Valorização de Resíduos (CVR) da Comcap. A antiga sala que havia lá foi reformada e organizada pelos próprios recicladores.

No primeiro segmento, que visa a alfabetização, e tem como princípio educativo a leitura, há oito matriculados. Vinte e sete estudantes estão no segundo segmento, que tem por objetivo a pesquisa conforme os moldes de outros polos da modalidade de Educação de Jovens, Adultos e Idosos. Isso permitirá aos trabalhadores finalizarem o nono ano do ensino fundamental.

A Associação de Coletores de Materiais Recicláveis (ACMR) de Florianópolis foi fundada em 1999 por imigrantes vindos da região Oeste de Santa Catarina, que deixaram a vida no campo e o trabalho na colheita de erva-mate em decorrência das difíceis condições de vida na área rural. A maioria deles trocou a escola pelo trabalho ainda quando crianças. Para muitos, conta a pedagoga Gabriela Albanás Couto, retomar os estudos era um sonho distante, que agora está se tornando realidade. Ela é doutoranda na UFSC, com pesquisa sobre o lugar da educação nas trajetórias sociais destes coletores.

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