A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que em 2020, ou seja, no próximo ano, a depressão será a primeira causa de afastamento do trabalho, ultrapassando as doenças musculoesqueléticas. Por isso, vem ganhando cada vez mais importância o movimento Janeiro Branco, criado há seis anos, que chama a atenção para os cuidados com a saúde mental. No Brasil, as dificuldades de acesso aos especialistas e aos medicamentos são os principais entraves para que as pessoas busquem ajuda.

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Pesquisa realizada entre dezembro de 2018 e janeiro do ano passado, denominada “Como anda a saúde mental dos brasileiros”, coordenada pela psicóloga e neuropsicóloga Thaís Quaranta, mostrou que a maior parte dos entrevistados (66%), já recebeu um diagnóstico de um transtorno mental em algum momentos da vida. Porém, 36% deles consideraram os valores do tratamento psicoterápico incompatíveis com a sua renda. Cerca de 30% da amostra não tinha plano de saúde e disse que seria muito difícil ter acesso a esse serviço.

Thaís acredita, então, que o problema do brasileiro não é o preconceito com relação às doenças mentais. Ele quer se tratar. Porém, muitas vezes não tem acesso ao tratamento. “Quem usa o SUS, relata dificuldade no acesso. “Fica claro que este é o principal motivo para haver tanta gente com doenças mentais no país”, diz a especialista. Na sua pesquisa, a médica constatou também que quando o brasileiro sente que está com as emoções fora de controle, com problemas ou dificuldades, prefere se isolar, o que é ruim. Nestes momentos é fundamental procurar ajuda”, alerta. Comer e dormir demais e usar a internet e as redes sociais por tempo longo ocuparam as primeiras posições no ranking das válvulas de escape, logo depois do isolamento. Para Thais, sem perceber, quem faz isso pode piorar a situação e criar outros problemas.

Embora apenas uma minoria da população brasileira possa pagar por serviços como psicoterapia, consultas particulares e medicamentos psiquiátricos, existem recursos desconhecidos que podem ajudar quem precisa ou quer cuidar da saúde mental. Conheça alguns deles:

• Clínicas gratuitas: Muitas faculdades que oferecem cursos de Psicologia promovem atendimentos gratuitos. Há também algumas organizações não governamentais (ONGS) que possuem esses serviços ou que podem facilitar o acesso.

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• Farmácia do SUS: Alguns medicamentos podem ser retirados nas farmácias do SUS, desde que estejam na lista de medicamentos que são distribuídos pela Secretaria de Saúde de cada estado ou município.

• CAPS: Existem em algumas cidades os CAPS – Centros de Atenção Psicossocial. São especializados no tratamento e acompanhamento de pacientes com transtornos mentais, com psiquiatras, psicólogos, oficinas, entre outros tratamentos.

• Reembolso: Para quem tem plano de saúde, vale conferir o valor do reembolso. Desde que haja um relatório do médico psiquiatra prescrevendo as sessões de psicoterapia, é possível solicitar o reembolso. O valor pode cobrir uma parte ou até mesmo o valor total das sessões.

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