O suicídio é considerado um comportamento resultante da interação de diversos fatores, como socioculturais, vivências traumáticas, dificuldades na primeira infância, história psiquiátrica e vulnerabilidade genética. “É importante destacar, entretanto, que nenhum desses fatores isolados leva ao suicídio. Uma combinação desses aspectos é que pode levar a isso”, explica a psiquiatra Vanessa Leal, da Associação Catarinense de Psiquiatria). Além do crescente aumento das mortes provocadas pela própria vítima, as tentativas de suicídio são ainda mais frequentes: ocorrem cerca de 20 a 30 vezes mais.

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Os fatores descritos como os mais importantes no comportamento suicida, segundo a médica, são o transtorno depressivo, abuso de drogas e tentativa prévia de suicídio. A presença de frases ou comentários com conteúdo permeado por desesperança, desespero ou desamparo, também indica o risco de que esta pessoa venham atentar contra a própria vida. “Devemos estar alerta a pessoas que estão passando por um período de luto ou período de dificuldades financeiras ou problemas legais, e também àquelas que não têm suporte familiar, sofrem de algum transtorno mental, já tentaram suicídio previamente ou têm acesso a meios letais”, alerta.

Um estudo do Ministério da Saúde no período de 2011 a 2016 mostrou um aumento das tentativas de suicídio de mais de 200%, a maioria na faixa etária de 10-39 anos e na região Sudeste e Sul do país. As maiores taxas de óbitos por suicídio foram registrados nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

Para enfrentar o problema, diz a psiquiatra, o primeiro passo é conscientizar as pessoas da possibilidade de terem um tratamento adequado. “Temos que encaminhar as pessoas que estão em risco para ajuda especializada. Também devemos nos despir dos julgamentos sobre quem passa por um sofrimento mental. Não podemos dar margens para julgamentos como "problema de caráter", "fraqueza", "sem vergonhice". Temos que enfrentar as doenças mentais como qualquer doença que possui tratamento específico e efetivo. Da mesma forma que vamos a um cardiologista sem estigma, devemos buscar ajuda de um psiquiatra, para cuidar de nossa saúde mental”, explica Vanessa Leal.

Falar de suicídio ainda é um tabu para a maioria das pessoas, mas as estatísticas mostram que pelo menos 17% da população brasileira já pensaram algum momento em tirar a própria vida. “Evitamos falar desses pensamentos e sentimentos difíceis, mas eles são frequentes. Falar sobre suicídio não aumenta o risco, muito pelo contrário, falar sobre pode trazer alívio pra quem enfrenta o problema hoje”, finaliza a médica. Importante refletir sobre isso.

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