Muito justa a homenagem que a Câmara de Vereadores de Florianópolis prestou ao professor Manoel Boaventura Feijó (in memorian). Partiu dele a iniciativa de, quando ainda muito pouco se falava sobre o assunto, criar na capital catarinense uma entidade que congregasse as famílias de pessoas com necessidades especiais (a atual Apae). Ele e a esposa, Odete da Luz Andrade Feijó, tiveram seis filhas. Uma delas, Lilian Feijá, nasceu com deficiência intelectual. Naquele tempo, o normal era os pais manterem seus filhos especiais dentro de casa, conformando-se com os diagnósticos médicos de que essas crianças não tinham chance de ter um bom desenvolvimento e conviver em sociedade.
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Manoel e Odete receberam um prognóstico sombrio: a menina não viveria mais do que 15 ou 16 anos. Ela está viva até hoje e, aos 68 anos, é a prova de que o projeto que o professor Feijó idealizou deu certo. Ele foi o primeiro presidente eleito da Apae, que começou suas atividades na escola do Sesc/Senai no Bairro Prainha, no dia 25 de agosto de 1964. A diretoria era composta em sua grande maioria por pais de pessoas com deficiências mentais. Quatro anos depois foi instalada a primeira escola própria da Apae, no Bairro José Mendes, atendendo 14 alunos. Logo em seguida foi criada no Estado a Fundação Catarinense de Educação Especial, sendo o Professor Feijó convidado para presidi-la também. Ele ficou respondendo pelas duas instituições, ambas com o objetivo de acolhimento e reabilitação da pessoa portadora de deficiência mental.
A Apae continuou crescendo e se diversificando, sempre com o esforço do professor Feijó e sua dedicada equipe. Foram 16 anos na presidência da instituição. Em 1980 ele passou o bastão para Aldo Brito. No ano seguinte, uma homenagem muito merecida: o Centro Ocupacional da Apae, recém construído, recebeu o nome de “Professor Manoel Boaventura Feijó”, que, em 1985, passou a chamar-se Instituto de Educação Especial Professor Manoel Boaventura Feijó, já com escola ampliada, novo bloco de salas de aula e uma quadra de esportes, atendendo a 80 alunos, de todas as idades.
Hoje Santa Catarina conta com 190 Apaes. A sementinha foi plantada pelo Professor Feijó lá em 1964, quando ele se aposentou do magistério, após fazer carreira ministrando aulas de Português na Academia de Comércio e no Senac. “Era uma figura humana inesquecível, extraordinária e querida, um homem de bem e do bem. O Professor Feijó, como carinhosamente era chamado, foi uma referência profissional e moral definitiva em nossa cidade e nosso Estado”, diz, orgulhoso, o neto Márcio Amante. O fundador da Apae morreu em 21 de junho de 1983, aos 73 anos, deixando um legado de cidadania e dedicação ao próximo.
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