Duas vizinhas que têm filhos pequenos, comentavam, ontem, que nesta primeira semana de aula já receberam bilhetes na agenda das crianças informando que não será permitido levar para a escola lanches que comprovadamente não sejam saudáveis, como refrigerantes, salgadinhos artificiais e bolachas recheadas. Enquanto uma das mães achava um absurdo a instituição querer regular o que cada aluno come, a outra dizia acreditar que esta é uma boa maneira de ensinar os alunos a se alimentarem melhor desde cedo, até porque a obesidade infantil está virando uma epidemia em praticamente todo o mundo. Não sei como os pais vão lidar com esta imposição da escola, mas o fato é que muitas crianças negam-se a comer frutas e verduras, por exemplo, porque simplesmente não criaram o hábito desde novas. E aí realmente fica difícil de mudar de gosto na adolescência ou na vida adulta.

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Uma pesquisa realizada em 2017 e publicada no periódico britânico New England estimava existirem cerca de 107,7 milhões de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo. Segundo o médico Carlos Alberto de Almeida, coordenador da área de nutrologia pediátrica da Associação Brasileira de Nutrologia, a obesidade é uma doença que traz impactos imediatos, e não apenas futuros. "Uma criança obesa acumula risco de desenvolver mais doenças crônicas, e temos observado um aumento gradativo de hipertensão arterial, esteatose hepática não alcoólica (gordura no fígado) e uma resistência insulínica muito grande”, explica. A previsão é de que, em 2025, a população mundial de crianças obesas chegue a 20%.

A professora e psicóloga clínica Carla Cristina Nogueira de Almeida é a favor de que os pais desempenhem uma maior influência e controle na alimentação dos filhos, e que os professores também façam isso na escola. Quando o filho está em casa, é mais fácil prestar atenção no que ele come e garantir que se alimente de forma saudável. Mas e quando ele está na aula? Nem todas as cidades e estados do país possuem leis que obriguem as lanchonetes das escolas a oferecerem apenas alimentos bons para a saúde. Então, neste caso, o ideal é que a criança ou adolescente leve o seu lanche de casa. Os pais não devem dar dinheiro, rotineiramente, para os filhos comprarem o lanche na escola, a não ser que a cantina seja comprometida com a qualidade dos alimentos que vende. Não dá para evitar que eles comam bobagens sempre, mas é possível ajudá-los e pensarem um pouco em sua saúde, e isso já é muito importante.

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