Eu estava sozinha no carro, esperando pacientemente que o trânsito andasse. Em frente à rodoviária de Florianópolis, fim de tarde. Traduzindo para quem não é da cidade e não está acostumado: um congestionamento enorme. Eu já estava há mais de meia hora na fila. Tudo certinho. Até que apareceu um motorista com um carrão importado e tentou cortar a minha frente, tipo me empurrando para o lado para ganhar passagem. Eu não deixei. Cada vez que a fila andava um pouco, eu grudava no carro da frente, não dando a chance do espertinho passar na frente de todos aqueles que estavam ali, também cansados e de saco cheio, esperando a sua vez de entrar na ponte. Por que ele não podia esperar, como todo mundo? O que ele tinha de melhor do que os outros? Se ninguém deixasse esse tipo de malandro se dar bem, talvez (quem sabe?) eles mudassem sua maneira de agir.
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Só sei que quando ele passou por mim, já na ponte, fez vários gestos obscenos com as mãos, talvez imaginando que eu me chocasse com eles. Achei até engraçado, porque o cara ficou muito brabo. Provavelmente porque aquele homem não está acostumado a ser contrariado e a não ter as suas vontades satisfeitas. Mas não é só gente em carrão importado que acha que pode fazer o que quiser no trânsito não. Infelizmente, tem muita gente que pensa que é a dona da rua, que para aonde bem entende, que não liga a seta quando vai dobrar uma esquina, que utiliza as duas pistas para trafegar, que tranca cruzamento complicando ainda mais o trânsito… Enfim, a lista é longa.
Leio sempre artigos comentando que o trânsito nas grandes cidades está insuportável, que a infraestrutura urbana não comporta mais tantos veículos nas ruas, que não há um planejamento adequado por parte dos órgãos competentes e que é preciso tomar medidas urgentes para que as cidades – especialmente as maiores – não entrem em colapso e o trânsito pare de uma vez por todas. Tudo isso é verdade. Mas é uma verdade incontestável, também, que muitos (maus) motoristas dificultam ainda mais as coisas. Na ânsia de tirarem vantagem, de fazerem os outros de bobos e se darem bem, só contribuem para tornar a situação ainda mais caótica. E gente metida a espertalhona é muito irritante. O trânsito, por si só, já é bem estressante. Não precisava deste reforço.
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