Você vai ao médico e ele receita um medicamento. Você começa a tomar, passa a se sentir melhor, olha para a caixa de comprimidos e pensa: Se já estou bem, pra que continuar tomando isso? Aí, simplesmente abandona o tratamento. Com certeza você já fez isso alguma vez. Ou muitas vezes. Todos nós fizemos e, não raramente, nos arrependemos desta escolha errada. Pior ainda é quando o paciente abandona ou não faz o uso correto de medicamentos que são muito importantes para a manutenção de sua saúde, física ou mental. É o caso, por exemplo, dos tratamentos psiquiátricos. Estudos confirmam que a taxa de abandono nesta especialidade é superior às outras.
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Segundo a psiquiatra Julia Trindade, de Florianópolis, quando o médico recomenda um tratamento, ele tem em vista que a ação do medicamento se dará em determinado período, que deve ser seguido. “Não cumprir o prazo estipulado ou se por algum motivo o tratamento for interrompido, o paciente pode voltar a sentir os sintomas ou até piorar e tornar a doença mais resistente ao tratamento”, alerta. Cada organismo reage de formas diferentes a determinada substância, por isso é importante que seja discutido com o médico as reações que o medicamento está causando, e se necessário, alterar a prescrição, até que se encontre o que melhor se adapte.
Com relação aos medicamentos psiquiátricos, a médica ressalta que se o paciente começa e segue o tratamento de forma correta, sempre mantendo o acompanhamento médico, discutindo as reações e progressões, a tendência é que o tratamento tenha início, meio e fim, e com isso, em algum momento possa parar com a medicação. “Agora, se a cada momento que ele começar a se sentir melhor interromper o tratamento, poderá se deparar novamente com as mesmas angústias e conflitos anteriores que o fizeram iniciá-lo, ou ainda piorar seu quadro”, alerta. A médica diz ainda que da mesma forma que é necessária a prescrição de tais medicamentos por um médico psiquiatra, a retirada da medicação deve ser gradual e acompanhada pelo especialista. Alguns medicamentos podem proporcionar crises de abstinência quando há uma interrupção abrupta do uso.
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