São tantos os casos de vítimas baleadas em assaltos Brasil afora que a gente já nem presta mais atenção à notícia, quando assiste na TV, na internet ou lê nos jornais. Mas este caso em particular chamou a atenção de muita gente. Há menos de um mês, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, numa tentativa de roubar o carro, um assaltante baleou Michelle na cabeça. Ela estava grávida de oito meses. O marido, que é quem dirigia o veículo, saiu desesperado saiu em busca de ajuda. O bandido fugiu.
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Ao chegar no hospital, o estado de saúde da mãe era muito grave. Ela foi operada para retirar a bala, mas tinha perdido muito sangue e o bebê já estava em sofrimento. Michelle passou então por uma cesariana de emergência, numa tentativa dos médicos de salvar a vida da criança. As chances de mãe e filho sobreviverem eram muito pequenas. Sem sequelas, então, quase impossível. Foram muitos dias na UTI, entre a vida e a morte, tanto um quanto o outro. Mas a vida está aí para provar que ninguém é dono de seu destino. E também que a medicina hoje é capaz de superar todas as expectativas, quando praticada por médicos competentes e bem equipados.
O bebezinho recebeu o nome de Antônio, e na tarde de segunda-feira deixava o hospital no colo do pai Wallace Araújo – o único que nunca duvidou de que ainda levaria sua mulher e filho para casa, e com boa saúde. Michelle ganhou alta dias antes do bebê, e agora a família se prepara para começar uma nova vida, a três. Antônio é o primeiro filho, e desde o início da gravidez foi muito desejado e esperado por toda a família. Esquecer toda esta tragédia não vai ser tarefa fácil. O trauma é grande, e tanto a mãe quanto o filho ainda vão precisar de cuidados médicos. Mas a alegria pelo fato de terem sobrevivido, e sem sequelas graves, é maior do que toda a dor que veio antes.
Enquanto esta família comemora a vitória da vida, muitas outras, entretanto, continuam chorando seus mortos, nas pequenas tragédias urbanas de todos os dias. Nesta terça, dia 6, uma menininha de apenas três anos, chamada Emilly, morreu também no Rio de Janeiro após ser baleada, quando saía de um restaurante no Rio com a família. O pai foi baleado nas costas e está internado no hospital. A escalada da violência não se restringe apenas ao estado fluminense, já disseminou-se pelo país. Wallace, ao deixar o hospital, desabafou. “Que Deus guarde os de vocês, os filhos, os maridos, as esposas, porque a gente sabe que infelizmente está sendo cerceado o nosso direito de ir e vir. E é isso que a gente quer de volta”. Todos nós, brasileiros de bem, queremos.
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