Celmo Celeno Porto é professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), doutor em Medicina pela UFMG, especialista em Clínica Médica e Cardiologia e membro honorário da Academia Nacional de Medicina. Mais do que todos esses títulos, ele é um médico que se dedica a pensar e a escrever sobre a (boa) relação médico-paciente, um assunto cada vez mais em pauta, tendo em vista as constantes reclamações de que muitos profissionais da saúde têm pedido exames demais e “examinado” de menos o doente à sua frente.

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Recentemente Celmo Porto, conhecido nacionalmente pela sua vasta experiência em clínica médica e defensor do atendimento humanizado aos pacientes, esteve na Unisul/ Pedra Branca, em Palhoça, participando do 1º Encontro de Gerações, organizado pela Academia de Medicina do Estado de Santa Catarina, pela Associação Catarinense de Medicina e Coordenação do Curso de Medicina da Unisul.

Ele defende que o exame clínico é insubstituível na prática médica, tanto para poder formular hipóteses diagnósticas como para estabelecer uma boa relação médico-paciente, quanto para tomar decisões terapêuticas. Diz ainda que os exames complementares, embora mais objetivos e precisos, não devem substituir o exame clínico. O “olho do médico” é que deve levantar as suspeitas sobre qual é a doença do paciente. Os exames posteriores, laboratoriais e de imagem, vão comprovar (ou não) este diagnóstico.

Os laudos de exames não representam nem uma avaliação global do paciente nem uma avaliação específica daquele paciente.

Celmo Porto ressalta que as doenças podem ser semelhantes, mas os doentes nunca são exatamente iguais. Isso quer dizer que sempre existem particularidades advindas das características pessoais: sexo, idade, etnia, estado psicológico, nível cultural e condições socioeconômicas, por exemplo.

Ele destaca ainda que a relação médico-paciente nasce e cresce (e pode morrer também) durante o exame clínico. Mesmo aqueles estudantes que desejam exercer a medicina sem levar em conta o lado humano da profissão (e muitos médicos procuram fazer isso), mais cedo ou mais tarde descobrirão que o médico não é um técnico que conserta ou troca peças de um robô. Por isso, a importância de dar um tratamento humanizado, olhar a pessoa como um todo, além de um órgão doente.

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