A notícia de que a Agência Nacional de Transportes Aquaviários autorizou uma escala teste de navio de cruzeiro em Florianópolis (em Canasvieiras, no Norte da Ilha) está sendo comemorada por empresários e comerciantes ligados à área do turismo. No dia 24 de março, o maior navio em operação na América do Sul, o MSC Preziosa, vai trazer para a cidade mais de quatro mil turistas, os quais, com certeza, vão ajudar a movimentar a economia. Até aí, tudo perfeito. Eu acho cruzeiro uma modalidade muito bacana de turismo. Já tive a oportunidade de fazer alguns, dentro e fora do país, por isso acho que posso dar minha opinião sobre o assunto.
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A maioria absoluta dos cruzeiristas quer desembarcar nos lugares aonde o navio chega, até porque são sempre áreas de interesse turístico. Alguns visitantes ficam apenas nas proximidades. No caso, a praia de Canasvieiras. Mas muitos outros vão querer conhecer a cidade e a região _ ainda mais que Florianópolis virou destino famoso e está entre os mais procurados de todo o Brasil. É aí que acredito que começa o problema: o deslocamento, propriamente dito, numa cidade que vive congestionada. Esta escala teste em março será num sábado, ainda bem. Nos finais de semana o trânsito flui melhor (principalmente fora da temporada de verão). Mas não consigo imaginar como será se Floripa passar realmente a fazer parte do itinerário dos navios de cruzeiro, e as escalas por aqui acontecerem em dias de semana.
A imobilidade urbana com certeza vai irritar nossos visitantes. O superintendente de Turismo de Florianópolis, Vinicius De Lucca Filho, em entrevista dada ao DC, informou que serão oferecidos vários passeios aos turistas, o que é ótimo. Algumas sugestões que ele apontou são visitas ao Costão do Santinho, beach clubs da região, city tour, passeios pelo Centro Histórico, Lagoa da Conceição e o Sul da Ilha. Todos locais dignos de serem visitados, não há a menor dúvida sobre isso, mas dependendo do dia e do horário de ida e volta até Canasvieiras, pode colocar aí mais de duas horas só para o deslocamento.
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Foi citado, também, que poderão ser oferecidos passeios para outros locais fora da Capital, como, por exemplo, algumas horas relaxantes nas águas termais, nos municípios vizinhos. Vale a visita? Claro que sim! Só que aí aumenta o problema de mobilidade também. Além do tempo que o turista vai dispender para se deslocar dentro de Floripa ainda vai ter que se armar de muita paciência para enfrentar o trânsito na Via Expressa e na BR-101, que está cada dia pior, e não só nos “horários de pico”, expressão, aliás, que está fadada a desaparecer, já que agora os congestionamentos acontecem praticamente o dia inteiro.
É preciso ter em mente que o turista não quer perder tempo no trânsito, até porque as escalas dos navios não costumam ser de mais de 8 a 10 horas em cada local, e sempre há muito o que ver e conhecer. E o visitante estará pagando (e não é pouco) para passar horas divertidas na cidade, e não se estressando com horários e engarrafamentos. As operadoras e agências de turismo que vão cuidar deste receptivo precisam pensar bem nesta logística, para que todos os lados saiam satisfeitos quando o navio zarpar em direção ao próximo destino.