Uma das cenas que mais me impressionou durante a cobertura jornalística dos estragos causados pelo Furacão Catarina, em março de 2004 e que deixou quatro mortos e 518 pessoas feridas no RS e SC, foi ver comerciantes cobrando o triplo do valor de mercado na venda de tijolos, lonas e telhas. Ou seja: os desabrigados e flagelados, além de perderem quase tudo o que tinham _ 35.873 casas foram danificadas e 993 destruídas _ ainda precisavam pagar um preço muito acima do normal para comprar itens de primeira necessidade. Um absurdo sem tamanho, uma falta de humanidade daqueles lojistas. Difícil de compreender e muito menos de aceitar.

Continua depois da publicidade

Enquanto algumas pessoas são extremamente solidárias, doando seu tempo, sua energia e até os recursos que têm para ajudar quem precisa num momento de dificuldade, outras aproveitam as catástrofes e imprevistos para lucrar mais e mais. Foi o que aconteceu esta semana em muitos postos de combustíveis pelo Brasil todo, cujos donos colocaram os preços de seus produtos nas alturas, aproveitando-se da situação caótica para obter lucros abusivos, às custas dos donos de veículos que precisavam abastecer para não ficar na mão.

“É a lei da oferta e da procura, disse um gerente de posto, quando indagado sobre o porquê do litro da gasolina subir mais de R$1,50 de um dia para o outro, justamente nesta semana de paralisação dos caminhoneiros. Não meu senhor, isso não é lei nenhuma. É safadeza, é ganância, não é assim que gente direita faz. É ilegal e imoral. Pena que o Procon não consiga multar todos os praticantes desta vergonha. Aliás, acredito que pouquíssimos foram multados, infelizmente.

Minha esperança, porém, é que o tiro acabe saindo pela culatra. Todo mundo viu quais foram os postos de gasolina que majoraram os preços no momento de escassez. E espero que ninguém esqueça disso daqui a alguns dias, quando a situação voltar à normalidade (porque isso vai acontecer, mais cedo ou mais tarde). Aí, a melhor resposta que os consumidores podem dar aos donos destes postos é nunca mais abastecer nestes lugares. Talvez assim eles pensem duas vezes antes de explorarem seus clientes. Olho por olho, dente por dente, já diz o ditado.

Leia outras publicações de Viviane Bevilacqua

Continua depois da publicidade