Era uma vez um menino chamado Jadson Barbosa, que nasceu em Nova Veneza, interior de Santa Catarina. Filho de mãe faxineira e de pai pedreiro, cedo aprendeu que a vida não seria fácil. O dinheiro, sempre pouco, dava apenas para o básico, sem luxo algum. Ele, porém, tinha dois grandes tesouros: a família bem estruturada e amorosa e o gosto pelos estudos. Adorava ir para a escola. Não à toa, por quatro vezes foi o melhor aluno de toda a rede pública de sua cidade natal. Com o dinheiro dessas premiações comprou seu primeiro computador. Ele sonhava grande, para quem vinha de uma família tão humilde. Queria fazer faculdade e se destacar também na universidade.
Continua depois da publicidade
Passou a pesquisar escolas privadas que tinham programas de bolsa de estudo, para cursar o Ensino Médio. Com seu currículo não foi difícil conseguir uma, em Criciúma, mas ele também precisava ganhar algum dinheiro para ajudar a família. Então, trabalhava em obras, arrumava jardins, distribuía panfletos, fazia cestas e costurava roupas. De tudo um pouco. Ao mesmo tempo, cismou que queria fazer Engenharia na UFSC e, para isso, estudou muito, em casa, entre a aula e os trabalhos temporários. Foi aprovado em Engenharia de Materiais, o que não surpreendeu ninguém, mesmo sendo ele o primeiro entre os 30 primos a ingressar na universidade.
Deixou Nova Veneza para trás e mudou-se sozinho para Florianópolis. Mais uma vez conseguiu bolsa e auxílio para moradia, e foi seguindo em frente. Por meio do programa Ciência sem Fronteiras, teve a oportunidade de ir morar por 18 meses na Alemanha e estudar na Universidade Técnica de Berlim, também com bolsa. “Era inacreditável eu estar vivendo tudo aquilo. Inclusive apresentei meu trabalho de conclusão de curso (TCC) lá”, relembra, orgulhoso.
Jadson Barbosa tem hoje 24 anos. Desde janeiro mora em São Paulo. Foi um dos aprovados entre 19 mil candidatos para ser trainee na Centauro, rede multicanal de artigos esportivos da América Latina. Está participando de um programa de preparação de jovens profissionais para serem os futuros líderes da companhia. Ele tem um belo caminho pela frente, e dedica todas as suas vitórias aos pais. “Eles transformaram o meu sonho no deles próprios, e me ajudaram a conquistar tudo isso”, diz, com gratidão.
O engenheiro, que há muitos anos se dedica também ao trabalho voluntário (“ajudar os outros traz uma sentimento de felicidade sem igual”, costuma repetir), quer, com o seu exemplo, inspirar outros jovens de origem humilde a persistir na busca por seus ideais. “Algumas vezes, no começo da faculdade, eu pensei em desistir de tudo, porque na última semana do mês eu tinha R$10 ou menos no bolso. Só não desisti porque tinha um sonho muito maior por trás”. E não resta dúvidas de que Jadson ainda terá muitas outras conquistas na vida.
Continua depois da publicidade