Sempre tive insônia. Algumas épocas mais, outras menos. Mas também nunca tive bons hábitos antes de dormir. Sempre gostei de ler até tarde, chegando, muitas vezes, a cochilar com um livro na mão e os óculos caindo do nariz. Mas nos últimos anos foi piorando a qualidade do meu sono. Isso, quando eu conseguia dormir, lá pelo meio da madrugada. E como o sono não vinha, eu acabava pegando o celular pra jogar paciência ou outro jogo solitário de cartas qualquer. Na minha ignorância, achava que isso relaxaria a mente e me ajudaria a pegar no sono, já que não ficaria pensando em problemas ou nos compromissos do dia seguinte.

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Ledo engano. Quanto mais tempo no celular, no tablet ou no computador, pior ficava a qualidade da minha noite. E existe uma explicação científica pra isso: esses aparelhos eletrônicos emitem muita luz azul. Este espectro de luz inibe a liberação de melatonina, que é um hormônio importante na indução do sono. Pessoas que usam aparelhos eletrônicos conectados ou não à internet, com tela acesa perto da hora de dormir, têm um risco grande de piorarem o sono, alertam os médicos. Foi isso o que aconteceu comigo e, com certeza, com milhares de outras pessoas que também têm o (péssimo) hábito de levarem o celular ou o computador para a cama, na hora de dormir.

O médico Fernando Morgadinho, professor de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo e diretor da Academia Brasileira de Neurologia, explica que a dependência do uso da internet e os prejuízos na qualidade e quantidade do sono pelo impacto direto da luz da tela têm sido cada vez mais reconhecidos e estudados. Segundo ele, não há uma definição precisa sobre o limite seguro de horas para a utilização diária do computador, porque isso vai depender de vários fatores, como a opção profissional de cada pessoa, por exemplo. Normalmente, é recomendável que se evite o uso de computador, tablet, celular e outros aparelhos duas horas antes de dormir.

O importante é saber reconhecer os sinais de alerta que caracterizam o abuso e provavelmente a dependência. Os principais são os seguintes: Sempre fica mais tempo conectado do que pretendia; perde amigos ou recebe queixas de familiares sobre o tempo que passa conectado; perde produtividade no trabalho devido à Internet; fica irritado quando alguém atrapalha enquanto está conectado; e fica deprimido e nervoso quando não está conectado, e isso desaparece quando volta a estar ligado. Nestes casos, diz Morgadinho, há a necessidade de procurar ajuda de um profissional especializado.

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