O horário de verão acaba neste sábado, e pode ser que em pouco tempo ele deixe de existir no Brasil. Pelo menos é isso o que estuda o governo federal. É um assunto bem polêmico. Muita gente gosta de ter um dia mais comprido, até para poder aproveitar um pouco a luz do dia quando sai do trabalho. Porém, outra parcela bem considerável da população critica a medida, argumentando que ela sacrifica ainda mais o trabalhador, especialmente os que precisam levantar de madrugada para iniciar sua labita.

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O problema é que o horário de verão foi instituído para colaborar na economia de energia elétrica durante o horário de pico de gasto, entre 18h e 19h, que é o período em que a maioria dos trabalhadores chega em casa, usa o chuveiro e liga a televisão. Só que, nos últimos anos, o auge do gasto de energia nas casas, escritórios e em todo o lugar passou a ser o meio da tarde. E por que? Por causa do calor excessivo neste horário e da popularização do ar condicionado. Até poucos anos atrás, as famílias de classe média quando muito possuíam apenas um aparelho em casa, geralmente na sala. Casa inteira refrigerada era coisa de rico. No resto das peças, havia no máximo um ventilador de teto.

Não sei se foi a renda da população que aumentou ou o preço dos aparelhos que diminuiu (bem mais provável que seja esta segunda opção), mas o fato é que hoje boa parte das pessoas já pode driblar o calor usufruindo do friozinho de um split, na sala, nos quartos, no escritório e – vejam só – até na cozinha. E tem mais um agravante: os dias de verão estão cada vez mais quentes, o que contribui para o uso quase ininterrupto do ar condicionado, inclusive nas madrugadas. No meu prédio é uma sinfonia de motores de ar condicionado a noite toda, que de manhãzinha ganham a companhia do canto dos passarinhos do pátio do vizinho.

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Dirigentes da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica afirmam que em razão do calor excessivo, toda a economia permitida com a política de horário de verão no horário das 17h às 20h perdeu relevância perto do aumento de consumo de energia em outras faixas de horário. Mas, mesmo que não seja por economia, acho que a população deveria ser ouvida antes de decidir pela extinção (ou não) do horário de verão, já que todo mundo é, de alguma forma, efetado por ele.

O primeiro país a adotar o horário de verão foi a Alemanha, em 1916, para reduzir o consumo de energia (por queima de carvão) durante a Primeira Guerra Mundial. A teoria era a mesma: ao adiar os relógios, as pessoas aproveitam mais a luz do dia e gastam menos energia em casa ou no trabalho. No Brasil, o horário de verão é adotado, com algumas interrupções, desde 1931, época do governo de Getúlio Vargas.