Faço minhas as palavras da psicopedagoga paulista Iracema Barreto Sogari neste Dia Internacional da Mulher. “Peço que as pessoas olhem para esta mulher em especial, a mãe de um filho com deficiência. Aquela que, de acordo com o olhar da sociedade, precisa ser forte. Mas o que ela verdadeiramente precisa é de apoio.” Nos meus mais de 50 anos de vida e 35 de profissão, conheci várias delas. Entrevistei muitas, convivi com outras e ainda tenho a honra de ser amiga de algumas. E vamos concordar: não é nada fácil ser mãe de um filho com deficiência, seja ela qual for.

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Felizes daquelas que têm um marido ao seu lado, desde que ele seja realmente companheiro e um pai comprometido com seu filho. Muitas, porém, são obrigadas a dar conta de tudo sozinhas, porque o genitor (não dá nem para chamá-los de pais) são omissos ou, então, pior ainda, simplesmente desapareceram por medo de não segurar a barra. Iracema é psicopedagoga há mais de 30 anos em escolas públicas e há 17 anos atua como gestora de uma ONG que atende pessoas com deficiência. Ela diz ter constatado esta triste realidade: o filho com deficiência fica, na grande maioria das vezes, única e exclusivamente sob a responsabilidade da mãe. E essas mulheres enfrentam muitos desafios. Não há oferta adequada de recursos de acessibilidade; o acesso a informações que podem ajudar este filho a viver com mais qualidade de vida não está tão disponível; e cuidar de uma pessoa com deficiência requer recursos que nem todas as mulheres têm e o Estado muitas vezes não oferece.

As mães, em seus relatos, com frequência falam sobre a dor e o sofrimento que sentiram ao receber a notícia de que seus filhos tinham deficiência (síndrome de Down, paralisia cerebral, deficiência intelectual e autismo, entre outros diagnósticos). Também comentam sobre o despreparo dos profissionais nesta hora, quando o que necessitavam era de orientação. O desconhecimento sobre o diagnóstico do filho, somado à falta de informações, as levou, em muitos momentos, ao desespero e sofrimento. O apoio de uma equipe multiprofissional teria facilitado a trajetória de vida de toda a família. 

As mães de filhos com deficiência muitas vezes se fragilizam, não resta a menor dúvida. Mas elas não têm tempo para perder se lastimando, porque precisam seguir adiante. Afinal, os filhos dependem delas. A essas guerreiras de verdade, a minha homenagem neste dia 8 de março.

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