Neste feriadão de Finados, muita gente aproveita para ir ao Cemitério homenagear parentes e amigos que já partiram. Outros, apenas relembram deles com carinho e saudade, ou fazem uma oração. Porém, para algumas pessoas, superar o luto é muito difícil, precisando inclusive de ajuda profissional para retomar a vida e continuar sua rotina. Segundo a médica psiquiatra Julia Trindade, de Florianópolis, faz parte de todo processo de luto uma série de sentimentos. Os mais comuns são a tristeza, a raiva, a culpa, a ansiedade, a solidão, o desamparo e o choque. “Estes sentimentos podem gerar algumas sensações físicas como vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta, sensação de despersonalização (quando o indivíduo não se reconhece em seu corpo), falta de ar, fraqueza muscular, falta de energia e boca seca”, explica.

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Como lidar com o luto? A perda de alguém querido é sempre um evento estressante, porém grande parte das sensações e sentimentos relacionados ao luto são normais, não necessitando de intervenção, diz a psiquiatra. Cada pessoa lida com esse momento de forma distinta e de acordo com suas crenças, vivências e capacidades individuais. “Não existe uma fórmula pronta que possa auxiliar nesses momentos, porém o tempo e o apoio familiar parecem ser sempre um bom remédio”, explica Julia.

De maneira geral, o luto pode ser dividido em quatro fases, segundo escreveu o psicanalista John Bowlby. A primeira é a do choque e da negação: a pessoa se sente desligada da realidade, desamparada, meio atordoada e perdida. Depois vem a fase do protesto, caracterizada pelas fortes emoções, sofrimento psicológico e pelo aumento da agitação física. Manifestam-se também sentimentos de raiva contra si próprio por não ter conseguido fazer mais nada. Segue-se a fase do desespero, associada a momentos de depressão e apatia, que faz com que o indivíduo tenha um isolamento social, desinteresse por atividades diárias, dificuldades de concentração e sintomas físicos como insônias, perda de apetite e sono. E, por último, a fase de reorganização, que inicia quando a pessoa aceita a perda, entende o fato ocorrido e o integra no seu cotidiano.

A psiquiatra alerta que o luto não resolvido pode desencadear depressão, ansiedade e pensamento suicida. Pessoas com histórico de depressão, diz ela, têm maior risco de desenvolver a doença após uma perda, por isso, é importante um acompanhamento médico, especialmente se o sofrimento gerado pela situação for maior que a capacidade de enfrentamento da pessoa.

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