A ex-pedagoga Lesly Monrat, ou “despedagoga”, como ela gosta de se apresentar, formada na Faculdade de Educação da USP, é a idealizadora do filme Fluir – O devir da autopoiese, que mostra famílias que optaram por viver fora das instituições escolares. Com essa obra, ela pretende levantar a reflexão da obrigatoriedade do ensino institucional X a autonomia familiar em escolher o melhor caminho educacional para os filhos. A ideia do filme surgiu após assistir a um documentário francês que mostra as reflexões de algumas famílias europeias e americanas que optaram por não frequentar a escola. Um tema polêmico em qualquer país, porém bem mais praticado lá fora.

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O filme revela as experiências práticas, os preconceitos sofridos e as certezas dessas famílias que vivem algo na contramão da realidade nacional. “Espero que o filme permita emergir o encantamento e a reflexão a outros paradigmas, que dialogam muito mais com a potência que existe dentro de cada um”, diz a diretora. Ele traz o depoimento de 12 famílias que vivem a realidade da desescolarização e/ou da livre aprendizagem no Brasil. Termos como “educação domiciliar”, “unschooling” ou “homeschooling”, apesar de ainda desconhecidos da maioria das pessoas, não são novos. Já existem movimentos inclusive no Senado e em outras esferas políticas aqui no país com grupos organizados que batalham por um outro modelo de ensino/aprendizagem.

Lesly foi em busca das famílias que desejam que o desenvolvimento dos seus filhos aconteça da forma mais livre e autônoma possível. São pais, mães e crianças que contam como é viver longe da escola e sem a aplicação de método específico, aulas formatadas ou meios pré-estabelecidos de ensino ou aprendizagem. “É a vida em si mesma como principal fonte de crescimento e desenvolvimento físico, intelectual e emocional”, explica. A obra de Lesly – mãe de duas crianças que não frequentam a escola formal – traz depoimentos de 12 famílias que vivem a realidade da desescolarização e/ou da livre aprendizagem no Brasil.

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O documentário está no YouTube (clique aqui )e vem causando impacto. Um tema realmente instigante e polêmico, que vale a pena conhecer melhor para entender. Segundo a Associação Nacional de Educação Domiciliar, 7 mil famílias vivem oficialmente a educação domiciliar, já que muitos se escondem com medo de denúncias, uma vez que a legislação brasileira não permite que os pais não matriculem seus filhos na escola. No entanto, existem várias ações no Supremo Tribunal Federal, nas quais pais pedem o direito de educar os filhos em casa. Os julgamentos ainda não têm data definida.