Muita gente deve olhar aquelas propagandas lindas de Natal na televisão, com famílias enormes reunidas ao redor de uma mesa farta, com perus, doces e espumantes, crianças com gorrinhos de Papai-Noel correndo em volta e ansiosas para abrir todos os presentes que estão sob a árvore, ricamente ornamentada, e pensar: será que eu sou a única pessoa no mundo que não tem um Natal assim? Infelizmente, a festa mostrada nos comerciais é para poucos, não representando a realidade da maioria da população. Mas será, mesmo, que quem tem um Natal tão farto e rico é mais feliz do que os restos dos mortais? Tenho minhas dúvidas.

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É clichê dizer isso, mas dinheiro não é sinônimo de felicidade. Conheço pessoas em ótimas condições financeiras que vão passar o Natal e a virada do ano na maior tristeza e melancolia. A maioria por se sentir solitária, por lembrar como eram bons os natais da infância ou do tempo em que os filhos ainda estavam em casa, ou porque nesta época do ano bate mais forte a saudade dos que já partiram. Por outro lado, sei também de muita gente que terá uma mesa bem modesta, algumas sem troca de presentes nem brindes, mas que se sente extremamente feliz por ter ao seu lado as pessoas mais importantes da sua vida. Há, ainda, aqueles que dariam tudo o que tem em troca de uma boa saúde. Coisa que às vezes nem todo o dinheiro do mundo pode comprar.

Enfim, o Natal é uma experiência diferente para cada um. Mesmo quem não curte a data acaba se sentindo cercado pelas comemorações, seja nas redes sociais, na televisão, nas conversas, nas ruas decoradas e iluminadas, nas lojas cheias de gente em busca de presentes e lembrancinhas. Essa “pressão” toda pode gerar certo desconforto, dizem os psicólogos. Nas festas de Ano-Novo, a mesma coisa. Este é um período que simboliza encerramento, conclusão e, como todo fim, pode gerar tristeza e ansiedade. Tristeza pela frustração de não ter atingido os objetivos traçados para o ano e ansiedade por não poder prever o que vai vir pela frente. O fato é que a vida de ninguém é perfeita e tampouco alguém consegue ser feliz o tempo todo.

Não se pode confundir esta melancolia, entretanto, com depressão. Não ter vontade de comemorar o Natal ou no Ano-Novo é uma coisa, sentir uma tristeza muito profunda e incapacitante é outra. A psiquiatra Ana Paula Ribeiro afirma que a depressão natalina, ou Christmas Blues, atinge cerca de 30% da população ocidental. Se for este o caso, o melhor caminho é procurar ajuda profissional. Durante todos os dias do ano também é possível contar com o aconselhamento dos voluntários do CVV, inclusive nos dias de Natal e Ano Novo, que atendem as ligações através do fone 188. Também podem desabafar por meio de um chat ou pelo Skype, no site www.cvv.org.br.

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