Quando eu era estudante, lá nos anos 1980, tinha muita vontade de participar do Projeto Rondon, que foi criado na década de 1960 com o propósito de levar a juventude universitária a conhecer a realidade do interior do Brasil e contribuir para o desenvolvimento social e econômico das comunidades mais carentes. Infelizmente, durante minha faculdade não houve a oportunidade. O projeto foi extinto em 1989 e voltou em 2005, sempre tendo como maior objetivo permitir que o estudante universitário conheça um Brasil distinto daquele dos arredores da universidade, mostrando-lhe as diferentes realidades do País. Tendo o Rondon como referência, surgiram várias outras iniciativas com o mesmo objetivo, coordenadas geralmente pelas universidades.
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É o que vai acontecer, por exemplo, no próximo mês de janeiro. Um mutirão de mais de 90 pessoas, entre eles acadêmicos da área da saúde, professores e médicos egressos da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) trocarão viagens de férias e o período de descanso por uma ação social em um município de Santa Catarina. O grupo participará da mais nova edição do Projeto Sérgio Arouca, iniciativa do curso de Medicina da Univali, inspirada no Projeto Rondon. Desta vez, as comunidades beneficiadas são da cidade de Urubici, na Serra Catarinense.
Sob a orientação dos professores, os estudantes aproveitarão a pausa nas aulas para se envolverem em atividades clínicas e outras ações de prevenção e promoção de saúde integral das populações carentes de cidades com menos recursos e menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O mutirão será realizado entre os dias 22 e 28 de janeiro. O grupo participou previamente de uma oficina preparatória com a elaboração das propostas que serão desenvolvidas em Urubici. As principais ações focam na saúde mental, saúde das mulheres, crianças, doentes crônicos e idosos. Eles farão visitas domiciliares, consultas clínicas, coleta de exames preventivos de colo de útero, pequenos procedimentos cirúrgicos e ações de educação em saúde.
De acordo com Clarice Munaro, professora do curso de Medicina da Univali e uma das coordenadoras do projeto, ações deste tipo contribuem para uma formação mais crítica, reflexiva e humanitária dos estudantes. “O fato das atividades serem em outro cenário, junto à comunidade, faz com que o acadêmico vivencie de forma mais intensa e comprometedora a saúde desta população”, afirma a médica. A comitiva contará com 94 pessoas, entre alunos do curso de Medicina, Odontologia e Psicologia, três professores da Universidade e seis médicos egressos da Univali. Uma experiência que, com certeza, ficará na memória de todos eles para sempre.
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