No restaurante, dois homens sentaram à mesa bem perto de onde eu estava. Um deles era bem idoso. O outro, de meia-idade. Ouvi o mais jovem dizer: Pai, diz o que você quer comer que eu te sirvo. O pai falou e o homem foi servi-lo no buffet. Vi que ele ajudou o idoso a cortar a carne, e não pude deixar de perceber também que uma mão do velhinho tremia bastante. Talvez tivesse Parkison, ou outra doença. Para algumas pessoas aquela cena poderia parecer deprimente. Eu achei linda. O filho, carinhoso, ajudando o pai a se alimentar. Esta é uma inversão de papéis que deveria acontecer sempre: na velhice é a hora de quem sempre foi cuidado retribuir a atenção, zelando pela saúde e bem-estar dos seus pais. Infelizmente, nem sempre é assim que as coisas acontecem.
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É difícil para os filhos aceitar que os pais estão envelhecendo. E para os pais, mais difícil ainda aceitar que já não conseguem resolver tudo sozinhos, como sempre foi, e que precisarão cada vez mais da ajuda dos filhos (ou de outras pessoas) . As pequenas limitações começam a aparecer, a memória já não é a mesma _ o cérebro se distrai com facilidade _, a força física diminui, a audição fica prejudicada e a saúde paulatinamente mais frágil. Tudo isso faz parte da vida, e feliz são os pais que podem contar na passagem do tempo com o cuidado e carinho da família.
Os geriatras aconselham que a primeira atitude prática a ser tomada pelos filhos quando os pais envelhecem é passar a fazer mais companhia, estar junto em atividades como ir ao médico, oferecer-se para ser o motorista quando forem ao banco ou ao supermercado e coisas do tipo. Mas alertam: Isso precisa ser feito de forma gradual. Não é bem-vindo que o filho queira dominar a vida do idoso e tirar sua autoridade e autonomia. A ajuda dos filhos não pode ser vista pelos pais como uma intromissão, mas sim como cuidado. O ideal é observá-los e ver em que situações deve ajudar. É preciso respeitar o desejo deles, levando em consideração as condições de saúde e autonomia que eles possuem. O mais importante é fazer tudo de coração aberto, deixando os pais seguros de que, quando precisarem, o filho vai estar ali, pronto para ajudar.