Estava em uma reunião de amigos, no fim de semana, e o assunto que rolava era trabalho. Ou melhor, a falta de trabalho, para pessoas com mais de 45, 50 anos. “Somos considerados velhos pelo mercado, o que é um absurdo. Me sinto no auge”, disse um, desempregado há cerca de três anos, sem conseguir recolocação por mais que suas habilidades e conhecimentos sejam reconhecidos por todos da área. Depois dele, surgiram vários comentários, sempre no mesmo tom. Tem muita gente desta faixa etária _ e em todas as profissões _ precisando trabalhar (até porque a grande maioria não está aposentada ainda), com contas a pagar e obrigações a cumprir, vivendo de bicos e serviços temporários, ou então gastando as poucas economias que estavam reservadas para a velhice.
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Numa rede social, uma pessoa chamada Cida expôs a sua situação, igual a milhares de outras Brasil afora. “Eu sei que não sou mais tão mais nova, que minha faixa etária não é o que muitas empresas buscam. Pois tenho 59 anos e estou vendo que isso está fora do padrão de muitas empresas. Mas com a minha idade eu aprendi muito. Tenho experiência de vida, tenho responsabilidades, organizada, dedicada, visto a camisa da empresa. Não tenho filhos pequenos, sou divorciada, tenho disponibilidade de horário. Tenho experiência como telefonista, recepcionista , vendedora e na limpeza. Isso também não me impede de exercer outra função, pois tenho garra e muita vontade de sempre estar aprendendo coisas novas. Preciso trabalhar pois tenho meu aluguel para pagar e minhas continhas. Não quero depender dos meus filhos, pois ainda tenho muito para oferecer. Então se alguém tem alguma vaga para me dar a oportunidade de fazer parte de uma equipe, estarei pronta”.
É cada vez maior o “etarismo” na nossa sociedade, ou seja, o preconceito em função da idade, inclusive no mercado de trabalho. Está acontecendo uma "juniorização" das empresas de todos os portes, causada por uma sensação de que o jovem é mais barato e mais produtivo, o que nem sempre é verdade. Não existe no nosso país uma cultura que valorize a experiência e a sabedoria. Nações como Estados Unidos e Japão e também a Europa se prepararam para o envelhecimento da população. Lá, é normal as pessoas com mais de 50 anos trabalharem em todo o tipo de empresa, valorizados e integrados com os mais jovens, que é o ideal, uns aprendendo com os outros e trocando informações e experiências. E há muitas iniciativas, do governo, de ONGs e de empresas, para recolocação de profissionais mais velhos no mercado de trabalho. Aqui, infelizmente, ainda estamos muito longe disso.
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