Mariane é bancária. Mas também tem uma loja virtual de roupas. Magda é professora, mas faz bolos de casamento para aumentar a renda mensal. Luis é montador de móveis, e também trabalha como motorista de Uber. José é funcionário público, e mantém uma pequena lavanderia de roupas junto com a mulher. Poderia citar várias outras pessoas que conheço que estão empreendendo, ou seja, criando seus próprios negócios, mas sem abrir mão do emprego com carteira assinada. Numa economia instável como a nossa, é difícil mesmo simplesmente trocar o certo pelo duvidoso. Muita gente tem vontade de fazer isso, mas e se não der certo? O difícil, muitas vezes, é criar coragem para dar uma guinada total na vida profissional.
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Este fenômeno tem até um nome: empreendedorismo paralelo, e ganha cada vez mais força no mercado brasileiro. Com a promessa de associar qualidade de vida e satisfação profissional, a prática de abrir um negócio e ao mesmo tempo continuar empregado é um dos principais destaques apontados pelo Caderno de Tendências 2018/2019, divulgado pelo Sebrae. É uma atitude cautelosa, que pode ser explicada também pelo atual cenário econômico do Brasil. “Quando analisamos os números de desemprego no país, os índices econômicos e a recessão, chegamos à conclusão que faz sentido esse receio das pessoas de largarem seus empregos”, explica o consultor em negócios e CEO da Contabilivre, Mauro Fontes.
Então, como fazer para realizar o sonho de ser o dono do próprio nariz e ainda manter o emprego formal de carteira assinada, pelo menos nos primeiros tempos? Mauro explica que é fundamental fazer um planejamento prévio, garantindo a sustentabilidade da operação, sobretudo no início, quando o futuro é incerto em relação à aceitação de produtos e serviços do novo empreendimento. Dados do Sebrae que mostram que de cada 100 empresas abertas no País, mais de 30% fecham após dois anos. Das que resistem a este tempo, apenas 40% conseguem se manter no mercado, após os primeiros cinco anos. “Sem dúvida, trocar o certo pelo duvidoso, para quem já está no mercado de trabalho, é uma aposta de alto risco, mas pode valer muito a pena, se a lição de casa for bem feita, antes de abrir as portas”, diz o economista.
Atualmente há um leque de opções para empreender, de uma operação bem pequena até uma empresa mais robusta, de maior custo. O consultor diz que pode-se optar, por exemplo, por um negócio online, que exige investimento de valor mais baixo e com horários mais flexíveis. A grande lição para o empreendedor e a mais importante nesse momento, destaca ele, é a etapa pré-abertura. “Pode não parecer, mas é a fase primordial de qualquer projeto de empreendedorismo. Toda a análise que acompanha essa etapa vai servir como bússola para desenvolver e expandir o negócio”, alerta.
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