Essa história aconteceu com o filho de uma amiga, e decidi divulgar porque é um assunto sério e perigoso. Um grupo de jovens se reuniu numa noite de sexta-feira para jantar e fazer um “esquenta” para uma festa que iria rolar no início da madrugada em um clube. Nas compras para a noitada, muitas latinhas de energéticos e bebidas alcoólicas. Na balada, continuaram fazendo uso da mesma mistura. Até que João _ o filho da minha amiga _ começou a passar mal. Levaram-no às pressas para o hospital. Ele não estava bêbado (havia ingerido bem menos álcool do que os outros), mas teve uma arritmia cardíaca muito forte. Ficou em observação várias horas, e antes de sair recebeu do médico a orientação de não ingerir energéticos e álcool novamente, pelo menos até consultar um cardiologista e fazer alguns exames.

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Tomar drinks feitos com energéticos e bebidas alcoólicas é uma prática bem comum, especialmente entre os jovens. O que pouca gente sabe é que essa mistura pode provocar diversos problemas para a saúde, em especial, para o coração. Segundo Marcelo Sobral, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, o energético é composto por cafeína e taurina. Uma lata equivale a três xícaras de café. O álcool promove uma excitação e, misturado com o energético, a animação se potencializa. A estimulação em excesso pode provocar um problema cardíaco, principalmente quando a pessoa já tem tendência. Em casos mais extremos, a arritmia pode ser fatal.

Já existem vários estudos mostrando que esta dupla apresenta riscos para o coração. Arritmia é o termo que se usa para designar os desajustes nos batimentos e ritmo do coração, que pode bater mais rápido do que o normal (taquicardia) ou mais devagar (bradicardia). Bebidas estimulantes não têm esse nome à toa. Elas "aceleram" o organismo, inclusive o sistema cardiovascular. "Não há dúvida de que o coração é sensível às substâncias dos energéticos, e, quando associados ao álcool, são muito agressivos ao músculo e ao sistema elétrico do órgão", explica o cardiologista Carlos Alberto Pastore.

Embora seja um problema que pode acometer qualquer um, os portadores de doenças cardíacas são os maiores prejudicados. Entretanto, muitas vezes a pessoa não sabe que tem uma doença, por ser assintomático. Ela só vai aparecer quando o coração for superestimulado. Por isso, fazer exercícios muito intensos, usar drogas e também consumir energéticos e álcool podem ser fatores desencadeadores das arritmias cardíacas. A recomendação é a seguinte: ingeriu uma bebida energética (ainda mais se for associada ao álcool) e sentiu palpitações, interrompa o uso e procure um especialista.

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