Viajar significa sair totalmente da rotina por alguns dias. No pacote de coisas que me nego a fazer quando fora do Brasil está dirigir. Não alugamos carro, porque faz parte da proposta desestressar um pouco do trânsito. E nem é preciso mesmo. Na Espanha, assim como em toda a Europa, o transporte coletivo, seja ele qual for, funciona muito bem. E isso, confesso, me dá uma inveja danada. Dentro das cidades maiores geralmente há metrô ou trem de superfície (ou os dois) que supre as necessidades do turista (não sei como é para os moradores que vivem em locais mais afastados do Centro). Na falta de trem, há linhas suficientes de ônibus urbanos e táxis que, pelo menos na Espanha, são bem mais em conta do que aqui na Capital catarinense, por exemplo.
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O transporte mais caro que vimos _ e, claro, não fez parte dos nossos meios de locomoção _ foi a charrete. Um passeio de uma hora, em qualquer cidade da Andaluzia (Sevilha, Córdoba, Granada, Málaga ou Cádiz) custava entre 45 e 50 euros, mais de R$ 200. E cá entre nós, não acho muita graça naquilo, e ainda fico com muita pena do cavalo, que tem que puxar a charrete naquelas pedras irregulares das ruas antigas dos centros históricos.
Porém, nem tudo é maravilha no transporte público por lá. Dois trechos da viagem entre cidades da Espanha tivemos que percorrer de ônibus, já que estão fazendo mudanças na linha férrea. Os ônibus intermunicipais de longa distância são até confortáveis, mas nisso somos bem melhores por aqui. Já começa na hora de guardar a bagagem. O motorista só tem o trabalho de abrir os bagageiros, nas laterais do ônibus. Depois, cada um que guarde a sua mala. E na chegada ao destino é a mesma coisa. Se você quiser sua mala de volta, entre no bagageiro e procure a sua. Ninguém se responsabiliza por ela, se houver extravio ou se for levada por outra pessoa.
Agora, o pior: não há um compartimento especial para o motorista, nem uma porta separando o espaço dele e dos passageiros. E nas duas vezes que usamos este transporte, ambas nos primeiros bancos, comprados antecipadamente, tivemos que aguentar por quase três horas o homem ouvindo músicas e notícias no rádio numa altura quase insuportável. E ninguém reclama. É o costume. Me lembrei das nossas (boas) empresas (aqui em Santa Catarina), e até fiquei feliz. Pelo menos neste quesito estamos na frente.
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