Tenho um casal de amigos que está em uma encruzilhada. Namoram há dois anos, e até há pouco tempo estava tudo bem. Agora, surgiu a chance dele ir trabalhar para uma grande multinacional na Ásia. Convidou a namorada para ir junto, ou seja, mudar o status do relacionamento de namoro para casamento. Ou, pelo menos no princípio, morar junto, do outro lado do mundo. Ela, no primeiro momento, ficou super feliz, pois há tempos desejava que o relacionamento se tornasse mais sério. Só que, poucos dias atrás, numa conversa entre amigos, ele disse que não tem vontade alguma de ter filhos. Foi um baque para ela, que adora crianças e não vê a hora de ser mãe. Parece incrível, mas eles nunca haviam conversado sobre o assunto. O amor que ela sentia pelo namorado “esfriou” na hora e é bem provável que ela termine tudo nos próximos dias, se ele realmente confirmar que não quer saber de ser pai. É uma diferença irreconciliável, disse.
Continua depois da publicidade
Essa história me lembrou do que diz o psicólogo João Alexandre Borba, que recebe em seu consultório vários casais com este mesmo tipo de conflito: eles se amam mas possuem objetivos diferentes de vida. “Essas questões no início do namoro podem parecer de pouca importância, mas a partir do momento em que se assume um relacionamento mais longo com a pessoa, é preciso sentar e alinhar os objetivos e expectativas que cada um possui com relação `a união”, aconselha.
A verdade é que a chegada de um filho mexe muito com a vida do casal, e não poderia ser diferente. Para uns, é uma verdadeira bênção. Mas para outros, pode ser o princípio do fim. Apesar dos livros e dicas dos familiares, o impacto de um bebê na rotina é muito diverso e impossível de prever com exatidão. Uma reviravolta total na vida dos dois. É preciso salientar, também, que nem todos nascem com instinto materno ou paterno aguçado, e que muita gente simplesmente não sente vontade alguma de contribuir para a densidade demográfica do planeta. Meu amigo parece ser uma dessas pessoas. Ainda não sei o desfecho dessa situação, mas eu não queria estar no lugar deles para ter que tomar esta difícil decisão.