Imagens na televisão mostravam o quilo de tomates sendo vendido a R$ 20 e um pé de alface custando R$10. Os consumidores, claro, reclamavam desta situação. Uma senhora disse que teria que abrir mão da saladinha de todos os dias, porque se negava a pagar o que o mercado estava pedindo. Claro, é isso mesmo o que temos que fazer: não comprar. Tirando os produtos de primeira necessidade e insubstituíveis, a melhor alternativa nestes dias é ser criativo na cozinha e simplesmente não levar para casa produtos que subiram estratosfericamente de preços devido à greve dos caminhoneiros.
Continua depois da publicidade
A sorte é que vivemos em um país cuja variedade de alimentos é muito grande, e podemos ir driblando o desabastecimento, pelo menos por mais alguns dias. Não tem mais pão nas prateleiras dos mercados? Quem sabe seja esta a hora de aprender a fazer pão caseiro? Uma alternativa. Ou, então, passar alguns dias sem pão, o que pode ser ótimo para quem quer perder uns quilinhos. No final de semana vi pessoas no supermercado enchendo os carrinhos. Muita gente comprando comida congelada, que é mais fácil de estocar, e muita carne para congelar no freezer. Alguns consumidores comentavam que estão enchendo as despensas, com medo do que ainda virá pela frente.
É difícil prever o que vai acontecer nos próximos dias, provavelmente as prateleiras ficarão ainda mais vazias. Representantes da Associação Brasileira de Supermercados explicaram ontem que a normalização do abastecimento dos supermercados ainda poderia levar de 5 a 10 dias mesmo com o desbloqueio de estradas. Mesmo assim, não vejo motivo para desespero nem para aceitarmos pagar muito mais caro pelos alimentos. Dá para driblar esta situação, trocando um pouco o cardápio, fazendo algumas adaptações. Ouvi o gerente do mercado comentando com um cliente que a maioria dos supermercados trabalha com estoque médio de não perecíveis, e que a situação ainda não é grave _ e tomara que não chegue a ser. O problema, pelo menos nos mercados maiores, está concentrado nos perecíveis.
Acho que existem coisas mais urgentes para nos preocuparmos neste momento do que com comida, porque não passaremos fome, isso é certo. Questões ligadas à saúde, por exemplo. Se eu precisar levar meus pais idosos numa emergência para o hospital, como faço, sem um pingo de gasolina nem álcool no carro? Táxis e Uber estão sumindo, com a falta de combustível. E os remédios, que já começam a faltar nas farmácias? E as milhares de cirurgias eletivas que tiveram que ser canceladas Brasil afora, quando acontecerão? Se antes já havia demanda reprimida, especialmente nos hospitais públicos, imagina agora. Independente da discussão se a greve é justa ou não, se é encomendada ou espontânea, uma coisa é certa: todos nós estamos pagando por ela, e essa conta vai longe. Preparemo-nos.
Leia outras colunas de Viviane Bevilacqua
Continua depois da publicidade