As luzes do teatro se apagam. Expectativa total, porque você vai imaginando que não será uma apresentação artística comum, como tantas outras que está acostumada a assistir. Afinal, a Companhia de Dança Lápis de Seda tem, entre seus integrantes, bailarinos com diferentes capacidades e formações. Jovens e adultos, 60% deles são considerados com deficiência intelectual e/ou motora . Bastam os acordes iniciais de Valsinha, de Chico Buarque, e a movimentação dos bailarinos no palco, num cenográfico jogo de luz e sombra, para você ter a certeza de que não se trata mesmo de um espetáculo comum. “Será que é de éter?”, com duas apresentações na quinta-feira, 12, no Teatro Ademir Rosa, no CIC, em Florianópolis, foi emocionante, belo e surpreendente, do início ao fim.
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Qualidade técnica e artística irreparável, um show digno dos melhores palcos. O mais inesperado, porém é que poucos minutos depois de iniciada a apresentação, você nem lembra mais que há diferenças entre os bailarinos, tal a graça, a interação e o profissionalismo entre eles. Uma inclusão que sai do papel para tornar-se perceptível, real. Quase palpável. E aí sim, o espetáculo pega a gente pelo coração.
As qualidades da apresentação estendem-se a toda a equipe. Cláudia Passos, que assina a direção artístico-musical, interpreta com maestria e sensibilidade as belas e atemporais canções de Chico. O elenco, formado por 17 pessoas, tem direção coreográfica de Ana Luiza Ciscato, que aproveita as múltiplas experiências dos bailarinos, abrangendo o balé clássico, a dança contemporânea, a afro, a técnica de danceability e o teatro. A direção musical de Luiz Gustavo Zago, um mestres em sua arte. Os músicos, todos, de qualidade reconhecida e admirada.
A Companhia de Dança Lápis de Seda nasceu em 2014, idealizada pelo Baobah Novas Formas de Inteligência, na Capital, apostando na valorização das diferenças individuais e na política de inclusão. O projeto de criação do espetáculo “Será que É de Éter?” foi idealizado em 2016 e concretizado em 2017, com o incentivo do Ministério da Cultura via Lei Rouanet. A montagem estreou em Florianópolis e, em novembro do ano passado foi levada também para Blumenau, no Teatro Carlos Gomes. As apresentações desta semana foram gratuitas, com o objetivo de ampliar o número de espectadores e propor reflexões sobre a dança contemporânea e as diferenças humanas.
As apresentações da Lápis de Seda acontecem em teatros, espaços fechados e também ao ar livre. A montagem de espetáculos deste nível, entretanto, exige investimentos, e a companhia de dança continua buscando patrocinadores que ajudem a tornar este projeto permanente. Além disso, é possível também agendar apresentações do grupo em outras cidades e em eventos empresariais. Contatos podem ser feitos pelo fone (48) 3333-1916 ou e-mail analuciscato@gmail.com.
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