Chegamos a Cádiz, no litoral sul da Espanha, exatamente no 1º de maio, Dia do Trabalho. Da estação de trens, queríamos pegar um táxi até o hotel, que era relativamente perto. Ao entrarmos no veículo e perguntar onde iríamos, o taxista avisou que não sabia se conseguiria chegar até lá, porque estava acontecendo uma grande manifestação de trabalhadores, exigindo seus direitos. Demos uma volta grande, passamos inclusive por dentro do pátio do porto da cidade e, enfim, ele nos deixou a três quadras do hotel. Aproveitamos este tempo para conversar com o motorista e conhecer um pouco a situação econômica dos espanhóis neste momento.
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Ele começou dizendo que o salário mínimo é muito baixo. Na maioria das empresas e comércio, os patrões vem diminuindo a carga horária de seus colaboradores para poder baixar também a folha de pagamento. Disse, também, que mais de 90% da população recebe muito pouco, enquanto os 10% restantes ganham salários altíssimos, especialmente no setor público. Há muitos desempregados por lá. E, por último emendou: “O problema aqui é a corrupção. Tem muito político corrupto. Até o final da década de 1980 o país ia muito bem, depois começou a roubalheira e não parou mais”. Dissemos a ele que deste assunto entendíamos muito bem e que vivemos na pele situação muito parecida.
Dá para ver sinais da crise na Espanha. Nos bares, restaurantes mais simples e lanchonetes é comum encontrar apenas um atendente, acumulando todas as funções. Restaurantes maiores têm dois ou no máximo três garçons, e em vários locais você pede no balcão o prato e depois leva seu até a mesa. Pessoas esmolando na rua ainda são raras, mas é cada dia mais comum encontrar moradores de rua abrigando-se do frio à noite sob as marquises, e refugiados tentando ganhar a vida como vendedores ambulantes. O turismo continua sendo uma grande fonte de renda, por isso eles investem tanto na preservação de seu patrimônio, na limpeza das cidades e nos serviços oferecidos aos visitantes.