O casal decide separar-se e, algum tempo depois, ambos encontram novos parceiros. Se não tiveram filhos no primeiro casamento, é bem provável que a segunda união inicie sem grandes conflitos e preocupações. Mas quando pelo menos um dos cônjuges já possui filhos (pequenos ou adolescentes) do casamento anterior, é possível que o novo casal tenha que enfrentar alguns desafios e, mais ainda, precise munir-se de muita paciência, pelo menos até que tudo se encaixe e a nova configuração familiar se torne rotina.

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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Registro Civil mostram que das mais de 1 milhão de uniões registradas, quase 24% foram de recasamentos, ou seja, são as uniões em que, pelo menos, um dos membros do casal já foi casado. Naturalmente, a chance de o casal ter filhos das relações anteriores é grande. Assim, cada vez mais homens e mulheres precisam assumir novos papéis dentro dos relacionamentos afetivos: o de madrasta ou o de padrasto. E isso nem sempre é fácil nem tranquilo.

A psicóloga Marina Simas de Lima, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal, explica que o recasamento provoca mudanças importantes no cotidiano e nas relações familiares. Quando envolve filhos de relações anteriores, homens e mulheres são obrigados a exercer funções parentais com os enteados, antes ou ao mesmo tempo em que estão construindo sua nova identidade conjugal. Esse processo pode ser bem desafiador”, alerta. Nem todas as pessoas estão preparadas para cuidar ou educar crianças que não são seus filhos, nos papéis de madrasta ou de padrasto. Quando a pessoa não tem filhos, isso pode ser ainda mais difícil.

A terapeuta ressalta que, para dar certo, o mais importante é que já no início do novo casamento sejam feitos combinados e definidos limites. “Pais e mães devem sempre manter o papel de cuidadores e responsáveis principais pelos filhos. Porém, no dia a dia, é importante que madrastas e padrastos ofereçam apoio a esses cuidados, respeitando sempre os limites e regras impostos pelos pais”. Para que a nova configuração familiar funcione de uma forma saudável, o ideal é que a transição seja feita de forma gradual e que se construam vínculos afetivos baseados no amor e no respeito.

“Madrastas e padrastos podem ser uma importante fonte de apoio e suporte na criação e na educação das crianças e quanto mais os ex parceiros tiverem uma boa relação entre si, melhor será para todos”, diz Marina. Outro ponto importante é que não existe divórcio dos filhos, ou seja, o casamento termina, mas os papéis de pai e mãe são para sempre e não devem ser delegados para os novos cônjuges.

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