Muitas vezes ao ouvir alguém falar que foi assaltado, que teve sua casa arrombada, ou, pior ainda, vítima de estupradores ou assassinos, a primeira coisa que eu pensava era: como são felizes as pessoas que moram nas cidades pequenas ou, melhor ainda, no campo, longe de toda essa violência. Ledo engano o meu. A área rural deixou de ser tranquila e pacata há muito tempo. A bandidagem rola solta em todos os lugares. Às vezes é pior ainda morar no campo, mais isolado, porque sem vizinhos por perto que possam ver alguma movimentação e ligar para a polícia, os delinquentes sentem-se mais à vontade para agir.

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A situação vem piorando nos últimos anos, tanto que as entidades ligadas ao agronegócio estão se mobilizando, pensando em formas de proteger esta população e seu patrimônio. Uma das recentes iniciativas é a criação do Observatório da Criminalidade no Campo, capitaneado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc) também pediu ao governo do Estado a criação de um programa emergencial de segurança nas áreas rurais. Uma das propostas é dar à Polícia Ambiental a missão adicional de reprimir a criminalidade e investigar bandidos e organizações criminosas que agem no campo. Isto porque a ambiental – que é um baço da polícia militar – já mantém equipes volantes que percorrem as regiões agrícolas para combater crimes ambientais com uma boa estrutura, equipamento e armamento. Esses mesmos agentes, diz o presidente da Faesc, José Zeferino Pedroso, poderiam desenvolver ações de inteligência policial e repressão aos demais crimes com grande resultado para a paz social no campo.

Historicamente, os crimes mais cometidos no campo estavam relacionados ao roubo de animais, implementos agrícolas, maquinários, veículos e insumos. Nos últimos anos, somaram-se também os estupros, latrocínios, assaltos, sequestros, roubos de veículos. Ou seja: não há mais lugar seguro. A violência, em todas as suas formas, está disseminada. Um estudo elaborado neste ano pelo Instituto CNA sobre a criminalidade no campo constatou que 74% dos crimes foram praticados em propriedades de até 500 hectares. A recomendação é que o produtor denuncie, ao ser vítima de violência, para gerar subsídios (informações e dados) que nortearão as futuras políticas públicas que poderão ajudar a reduzir a violência no campo. “A qualidade de vida no campo e as condições ideais de trabalho e produção dependem do combate eficiente da violência que flagela famílias e empresas rurais”, reitera o dirigente da Faesc.

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