Estávamos no Real Alcázar de Sevilha, o complexo palaciano que integra o acervo dos principais monumentos arquitetônicos da Espanha. Trata-se do mais antigo palácio real em funcionamento na Europa, e apesar de ter sido construído vários séculos atrás, é ainda hoje morada da família real espanhola quando seus membros estão no Sul do país. Uma joia, que merece uma visita demorada.
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Aproximava-se o final a tarde, e havia centenas de turistas conhecendo os palácios. Os ingressos são vendidos antecipadamente, e há um número de entradas estipulado para cada dia. Isso é bom, porque evita aglomerações e, o mais importante, ajuda a preservar a integridade do patrimônio histórico.
Pois bem. Perto das sete horas da noite, os seguranças do palácio começaram a gritar aos visitantes que estava na hora de irmos embora. Para nós foi uma surpresa, pois quase todos os palácios, agora durante o horário de verão europeu (tem sol até por volta das 20h30min), fecham às 21h.
O problema é que exatamente naquele horário começou a cair uma chuva torrencial e do lado de fora do palácio não havia uma aba sequer para as pessoas se abrigarem. Mesmo assim, os seguranças (homens e mulheres) foram implacáveis: todos deveriam deixar o palácio imediatamente. Um, mais exaltado, vendo que o povo se negava a tomar banho de chuva num frio de cerca de 15 graus, gritava “fuera”, sem parar.
Em resumo: mães com filhos pequenos nos carrinhos, idosos, muitos com bengalas, todo mundo foi literalmente empurrado para a rua, abaixo de uma chuva que, dava para prever (já que o resto do céu estava azul), pararia em alguns minutos.
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Ok, horário é horário. Eles queriam fechar e ir para casa, a jornada de trabalho estava no fim, e também entendo que se eles não são um pouco mais enérgicos os turistas vão ficando até mais tarde, já que tem mesmo muita coisa linda pra ver. Mas este era um dia atípico. Chovia muito, e não havia qualquer lugar nas proximidades onde o povo pudesse se abrigar.
Achei uma falta de humanidade sem tamanho. Aliás, neste aspecto, pelo menos foi essa a nossa experiência, a Espanha deixa um pouco a desejar. Duvido que no Brasil fossem expulsar mãos com bebês e idosos daquele jeito. Era só esperar alguns minutinhos que a chuva com certeza acalmaria.