Não sei se é apenas uma coincidência ou questão de modismo, mas em menos de uma semana conversei com três mulheres diferentes, cujos filhos haviam recebido há pouco tempo o mesmo diagnóstico: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Digo modismo porque, de vez em quando surge uma doença nova (ou mesmo um mal antigo) que vira notícia na mídia e que se torna popular nos consultórios médicos. Foi assim com a fibromialgia, por exemplo. Pouco se ouvia falar desta doença _ que é realmente existe, é terrível e acomete muita gente _ mas houve uma época em que qualquer pessoa com uma dor não justificada era diagnosticada com fibromialgia. Foi assim comigo, e com várias pessoas que conheço. Graças a Deus, no meu caso não passava de uma gripe forte e uma lesão no joelho.
Agora, o TDAH é a bola da vez. Não estou dizendo que o transtorno não exista, longe disso. Mas me pergunto se todos os casos apontados são realmente tão graves e merecedores de medicamentos. “Precisa ver, meu filho é muito inquieto”, me disse uma amiga. Eu também era, meu irmão, então, deixava qualquer um louco, mas nunca passou pela cabeça de alguém que ele tivesse um transtorno. Li hoje em uma revista Galileu de 2016 uma interessante matéria justamente sobre as “doenças da moda”. Entre elas está o TDAH. Este é o texto: “O diagnóstico de déficit de atenção está tão em alta que, no final do ano passado, (2015) o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) divulgou uma resolução recomendando o fim da prescrição excessiva de remédios para o tratamento do distúrbio”.
Ainda segundo a publicação, a impressão de que algumas doenças estão “na moda” é real e confirmada por especialistas. O fenômeno faz sentido: a ciência está em constante transformação e é normal que novas doenças, eventualmente, surjam em decorrência de mudanças nos hábitos da própria sociedade. Além disso, doenças antigas também são estudadas com cada vez mais profundidade, e a consequência é o aumento no número de diagnósticos, o que causa a sensação de que há um surto de muitas delas. Alguns casos apontados pela revista, e que vemos muito por aí, são a intolerância à lactose e ao gluten, refluxo, transtornos de humor (ansiedade, depressão, bipolaridade, fobias e síndrome do pânico), e deficiência de vitamina D.
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