Entrei em uma grande loja de brinquedos nesta semana, e me perdi no tempo observando o comportamento das crianças e principalmente dos adultos. Os produtos estavam dispostos em prateleiras, separados por idades, sexo e tipos de brinquedos. Uma seção inteira só para bonecas e seus acessórios. As que mais chamam a atenção das meninas pequenas são aquelas com carinhas de bebês e corpos fofinhos. Já as mais velhas continuam adorando as Barbies, de longos cabelos loiros, peitos pontudos e cinturinhas de sílfide. E seus milhares de acessórios de beleza, além de carro conversível, casa com piscina e todo aquele supérfluo cor de rosa que reforça o quanto a Barbie é poderosa e bem sucedida. “Eu quero essa, é a mais linda”, ouvi uma menina, negra, dizer para uma senhora que devia ser a sua avó. A boneca tinha um cabelo afro enorme e a mesma cor da pele da menina. Fiquei feliz dela ter encontrado uma boneca com a qual se identifica, e mais ainda o fato dela estar segura e feliz com a sua própria imagem.

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Na prateleira dos meninos, carrinhos de todos os tamanhos, naves espaciais, tanques de guerra, bonecos de corpos bombados representando os heróis dos desenhos e histórias em quadrinhos. Nada que tenha chamado minha atenção, parece que as indústrias não têm lançado nada muito diferente desde que os meus filhos eram pequenos, há mais de 20 anos. Por outro lado, me surpreendi positivamente com a quantidade de pais e filhos revirando as prateleiras de jogos de tabuleiro, a maioria deles bem antigos. Banco Imobiliário, Detetive, War, e vários outros que eu jurava que nem eram mais fabricados. Aquela cena me lembrou da minha infãncia, quando jogava com meus pais e irmãos, e também da infância dos meus filhos, quando minha casa se enchia de adolescentes para jogos intermináveis de tabuleiro.

Na loja em que fui, quase não havia jogos eletrônicos, nem celulares à venda. Com certeza, esses serão os campeões de venda neste Dia da Criança. Mas gostei de ver que ainda há espaço no coração da meninada para as brincadeiras antigas e lúdicas, para o compartilhamento da diversão com os amigos. Quer um feriadão diferente e que vai deixar saudade? Brinque junto com as crianças. Se na correria do dia-a-dia não dá tempo, aproveite os próximos dias para promover momentos de troca e diversão, para elas e para você.

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