“Hoje estou me sentindo triste, desmotivada, cansada. Acho que vou ao shopping fazer umas comprinhas. Isso sempre me anima um pouco e levanta minha autoestima”. Conhece alguém que age assim? Eu sei de várias pessoas, homens e mulheres, que têem no consumo (muitas vezes desenfreado) uma válvula de escape para seus problemas emocionais, tédio e até dificuldades financeiras. Opa, como assim? Não tem dinheiro e sai comprando por aí, pendurando mais dívidas no cartão de crédito? É isso mesmo. Infelizmente acontece muito, e os problemas financeiros só crescem, deixando a pessoa cada vez mais infeliz e preocupada. É uma bola de neve sem fim.
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Pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) neste ano apontou justamente a ansiedade como o principal fator do desequilíbrio das finanças pessoais. No estudo, feito com 609 pessoas, 21% dos entrevistados destacaram esse fator como preponderante no período em que fizeram as dívidas. O segundo fator mais relatado foi a insatisfação ou os problemas no trabalho. Outros 12% contraíram dívidas como resultado do sistema emocional abalado pelas dificuldades financeiras, enquanto 9% passavam por problemas no relacionamento familiar no período em que ficaram endividados.
Ou seja: as compras não foram feitas por necessidade, mas sim pelo prazer momentâneo, para “levantar o astral” e se sentirem melhor. O psicólogo Ivo Carraro diz que a pesquisa revela não apenas a falta de educação financeira, mas a situação emocional do brasileiro como preponderante para o crescimento do número de endividados. “Isso contribui muito para que a inadimplência cresça, na medida em que o consumo passa a ser uma válvula de escape para suprir as necessidades emocionais”, explica. Segundo ele, a busca pelo bem-estar a qualquer preço é uma armadilha, pois pode resultar em dívidas futuras. É importante sempre avaliar o orçamento antes de optar pelo consumo”, alerta.
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