Uma cena bonita chamou minha atenção no parque próximo à minha casa, no último domingo. Na sombra de uma árvore, sentadas na grama sobre uma toalha, duas jovens mães davam de mamar a seus filhotes, dois bebês muito fofinhos. Vendo aquela imagem, imediatamente lembrei de quando amamentei meus dois filhos. Eles já tinham mais de um ano e meio de idade quando deixaram definitivamente o peito. Sei que tive muita sorte, pois nem todas as mães têm a chance e a graça de poder alimentar desta forma seus filhos. Quando a gente observa a cena, como eu fiz no domingo, parece tudo muito simples, fácil e tranquilo. Mas não é bem assim. Muitas mulheres não conseguem amamentar, o que acaba gerando uma grande frustração e até uma sensação de culpa.
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A enfermeira Soninha Silva, especialista em amamentação, lembra que a maternidade traz consigo responsabilidades e uma realidade muitas vezes desconhecida pelas mulheres. Entre os processos de adaptação está a amamentação. Muitos não sabem, mas o leite materno não é produzido apenas nas mamas, mas também depende do psicológico da mulher. “Muitos fatores, inclusive neuropsicológicos, podem colaborar para uma amamentação bem-sucedida ou não”, explica. Segundo ela, ao contrário de outras espécies, para o ser humano a amamentação não é automática ou instintiva.
Para a descida do leite, explica Soninha, tem que haver a ativação da ocitocina, hormônio que também é liberado durante o trabalho de parto e que contrai as células musculares que ejetam o leite. Se a mãe estiver com dor, aflita, com baixa autoestima, sem apoio ou com disfunção hormonal, não haverá liberação da ocitocina. Por isso é que se diz que a amamentação é um ato psicossomático complexo. E que, infelizmente, muitas vezes é subestimado por sua “facilidade”.
Quando não é possível a amamentação, diz a enfermeira, é preciso reconhecer a possibilidade e os avanços que existem e confiar nos profissionais de saúde que acompanham o desenvolvimento da criança. A mulher, como protagonista desse momento, deve ser ouvida, respeitada e acolhida, sem julgamentos. “Cada da mãe faz o seu melhor dentro das suas possibilidades”, diz Soninha. A Semana Mundial de Aleitamento Materno será encerrada hoje, dia 8. O objetivo da campanha, realizada em 120 países ao redor do mundo, é difundir e incentivar a amamentação.
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