Uma tabela com as 20 principais causas de afastamento por adoecimento no trabalho no Brasil chama a atenção. Nas três primeiras colocações estão problemas relacionados a lesões por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares (LER/DORT). Dor nas costas (dorsalgia), lesões no ombro e sinovites e tenossinovites, caracterizadas pelo desgaste de estruturas do sistema músculo-esquelético são as campeãs de afastamentos do trabalho por mais de 15 dias consecutivos em 2017. Na maioria das vezes, essas doenças aparecem em pessoas que fazem movimentos repetitivos em alta velocidade ou associados com força, como digitar, tocar instrumentos musicais, trabalhar em linha de montagem de fábricas e em cozinhas industriais.

Continua depois da publicidade

Também chama a atenção o aumento ano após ano do número de afastamentos do trabalho provocados por doenças relacionadas à saúde mental dos trabalhadores. Estresse grave e transtornos de adaptação, ansiedade grave, episódios depressivos e transtorno afetivo bipolar estão na lista das 20 principais causas. O auditor-fiscal do Trabalho Jeferson Seidler explica que muitas vezes o estresse grave é o resultado de situações psicossociais, como pressão excessiva por metas, metas inalcançáveis, rigor exacerbado no controle das tarefas, pressão das chefias, chegando até ao assédio moral em alguns casos.

As empresas, logicamente, têm prejuízos quando o INSS precisa afastar os empregados das tarefas diárias. Se somados todos os dias que os trabalhadores ficaram afastados das tarefas profissionais em 2017 por causa de alguma doença, o número chega a 2,59 milhões de dias de trabalho perdidos. Porém, os principais prejudicados são os próprios trabalhadores. Por isso, a prevenção é a maneira mais eficaz de resolver o problema. E isso depende de todos. Os empregadores precisam realizar uma avaliação ergonômica do trabalho e a adequação dos problemas encontrados. Mas os trabalhadores também precisam fazer a sua parte, observando as normas de segurança e saúde no ambiente de trabalho. Em 2017, de acordo com números preliminares do INSS, foram concedidos 196.754 benefícios a trabalhadores que precisaram ser afastados das atividades profissionais por mais de 15 dias devido a algum problema de saúde ocasionado pelo trabalho. A média foi de 539 afastamentos por dia. São números impressionantes.

Continua depois da publicidade